Lançado originalmente em 2005 para a PlayStation 2, Shadow of the Colossus foi escolhido como um dos jogos gratuitos para download para a PS4, na loja PlayStation Plus.
Para aqueles que não conhecem, Shadow of the Colossus põe-nos no papel de Wander, um jovem rapaz que, para poder trazer a sua amada Mono de volta à vida, tem de encontrar e matar dezasseis monstros colossais. Guiado por uma espada mágica roubada e a voz de um ser chamado Dormin, Wander explora o mundo vazio onde as bestas vivem.
Para além da espada e de um arco e flecha, Wander não tem muito mais para encontrar. Não há armas, armaduras, itens colecionáveis, outros humanos, cidades, e outros inimigos. O mundo do jogo é uma terra amaldiçoada e abandonada, reclamada pela natureza, com apenas os dezasseis Colossi. Existem alguns lagartos que se podem matar para melhorar a capacidade física de Wander, mas são completamente opcionais e muito fáceis de perder. O jogador pode nem se aperceber que os pode matar.
Apesar da falta de objetivos no mundo, o jogador não sentir uma escassez de ação. Cada luta é um puzzle, cada confronto uma batalha épica entre um ser humano e uma besta do tamanho de um prédio (ou maior ainda). Cada Colossus tem uma maneira diferente de ser lutado, maneiras de interagir com o mundo físico, e uma personalidade própria. Alguns são agressivos, atacando imediatamente o protagonista; outros são mais dóceis, e tentam fugir mal o nosso herói aparece. Esta simples caracterização dá um “sabor” diferente às batalhas, tornando-as inesquecíveis.
Esta simplicidade de caracterização também se estende à história. Para além daquilo que já foi dito, o jogo não dá mais informações. A história é contada pelo ambiente em redor, e assume que o jogador vai preencher as lacunas com a sua própria interpretação. Por um lado, este é um dos pontos fortes do jogo: o vazio imenso leva o jogador a ponderar as suas ações e aquilo que está a ver, já que o jogo se recusa a confirmar ou a negar algo. Por outro, esta falta de história pode ser algo frustrante, já que o jogo tem tão pouco para fazer. Poderá prevalecer a sensação de que o jogo não tem material suficiente para oferecer.
No meu caso, ao jogar este jogo, há apenas uma sensação que me motiva sempre a jogar Shadow of the Colossus outra vez: o momento em que, depois de tanto tempo a explorar, encontras um conjunto de ruínas abandonadas, que começam a ganhar forma e a crescer, e aperceberes-te o quão minúsculo que és em comparação ao espaço em redor. A adrenalina de teres que escalar e matar um gigante não fica antiga, e com cada relançamento com gráficos melhorados, a sensação é cada vez melhor.
Filipe Melo
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