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Um Estranho Caso de Culpa: Oriol Paulo no seu Melhor



Recentemente estreou na plataforma Netflix uma minissérie de 8 episódios realizada pela mente brilhante de Oriol Paulo. O realizador já nos habituou a histórias repletas de reviravoltas e plot-twists como por exemplo: “Contratiempo”, “Durante la Tormenta” e “Os Olhos de Júlia”. Com isto, as minhas expectativas elevam-se quando me deparo com uma narrativa construída por Oriol Paulo. Até agora, é a primeira vez que vejo um trabalho do mesmo no registo de série, e tendo em conta este formato, exige-se mais complexidade e pormenor. Aliás, é sabido que algumas histórias resultam num grande ecrã, mas outras, como esta, justificam que sejam apresentadas por episódios. Antes de me dedicar a uma descrição sem grandes revelações sobre o argumento, quero salientar que fazem parte do elenco alguns atores que marcaram presença em grandes filmes do realizador como: Mario Casas e Ana Wagener, mas convém também enaltecer as grandes prestações de: Aura Garrido, Alexandra Jiménez, Martina Gusman e Sam Feuer.


A história acompanha Mateo Vidal (Mario Casas), um homem normal, até que um dia durante uma briga mata por acidente uma pessoa, e em consequência é preso durante 9 anos. Após o cumprimento da pena, tenta refazer a sua vida ao lado da sua mulher, Olivia Costa (Aura Garrido). Contudo, Olivia recebe uma chamada anónima e informa Mateo que vai viajar para Berlim em trabalho. Posteriormente, Mateo recebe mensagens surpreendentes do telemóvel da sua amada que iniciam uma série de acontecimentos num registo de cascata vertiginosa que dura todos os episódios. Rapidamente percebemos que Olivia esconde um grande segredo. Mas será apenas um? Não quero de todo estragar-vos a experiência, e mesmo que o quisesse fazer não faria sentido pois precisava de várias páginas de texto, portanto deixo-vos com a premissa principal. Neste sentido, reforço que esta narrativa não possui apenas dois protagonistas, apesar do casal ser o foco das atenções. Todas as personagens possuem tempo de ecrã suficiente para apreendermos o contexto de cada um, o que justifica a importância de cada personagem na história. Cada um tem uma origem ou passou por um trauma diferente, e tudo é explicado até ao afunilamento de todos na narrativa. A forma como a trama é apresentada exige um esforço mental para juntar as peças todas, tanto que os primeiros dois episódios parece que não estão relacionados, pois abordam personagens e faixas temporais diferentes, mas tudo converge mais à frente. Neste seguimento, e tal como disse anteriormente, todas as personagens brilham. Em cada episódio percebemos as motivações de cada um e o que os leva a determinadas ações. Desde os pais da vítima inicial, às amigas de Olivia, ao responsável pela UDE até à investigadora da polícia.


Uma das principais valências desta série reveste-se na capacidade de integrar novos elementos narrativos em cenas que até vemos no primeiro episódio, mas que são completadas ao longo de todos os episódios. Por exemplo, existe uma fotografia da Olivia e de uma amiga que aparece em vários momentos com a palavra “Perdoname” escrita no verso. Inicialmente, achamos que essa palavra tem um certo objetivo, mas com o passar do tempo conclui-se que essa mensagem acaba por possuir outra história. Esta caraterística está presente em vários alicerces da história, ou seja, tudo o que vemos inicialmente não é aquilo que aparenta ser.


Esta minissérie quase que nem possui pontos fracos, e caso alguém note alguma fraqueza, provavelmente ficará esquecida pela fantástica história que Oriol Paulo nos oferece. Um quebra-cabeças contado num registo que é raro ver no contexto de episódios e que vai explodir a mente de todos.


Diogo Ribeiro

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