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Análise aos Principais Vencedores dos Óscares 2021



A cerimónia dos Óscares da Academia decorreu no passado domingo e senti a necessidade de salientar os meus dois filmes favoritos que me marcaram a um nível pessoal face aos nomeados. Refiro-me a “Nomadland” e a “The Father”. Não que os restantes não sejam dignos de vencerem as principais categorias, até porque ficaria contente que “Sound of Metal” e “Judas and the Black Messiah” surpreendessem ao vencer melhor filme. Contudo, foram os dois primeiros que referi que me marcaram de uma maneira que tão cedo não vou esquecer. Aliás, num ano atípico em que grandes filmes com potencial de serem nomeados foram adiados, previ que esta edição fosse mais fraca do que as anteriores. Mas pelo contrário, dentro de todos os nomeados (8), só dois é que considero que estão um pouco a mais, refiro-me a “Minari” e “The Trial of Chicago 7”. Não que fosse escandaloso um deles ganhar, apenas considero inferiores aos restantes. Portanto, e a meu ver obviamente, com 6 filmes que possuem alicerces sólidos em diversas vertentes para vencerem a estatueta de melhor filme, creio que estamos perante um ano superior a alguns do passado recente. Coloco o exemplo do ano em que o vencedor foi o “Moonlight”, com apenas “La La Land” a ser o principal rival, pois os restantes eram claramente inferiores a estes dois. E mais recentemente temos o ano do “Green Book”, que na minha ótica só tinha como principais rivais apenas dois filmes: “Vice” e “The Favourite”. Portanto um ano que se esperava mais frágil no que toca à qualidade, e que mesmo assim superou certas edições, é de valorizar e de apreciar os grandes filmes que estão nas principais categorias. Para não passarem em branco, afirmo que quer “Promising Young Woman” quer “Mank” poderiam perfeitamente ser considerados como o melhor filme. Agora, creio que o primeiro mencionado tem como principal força o argumento, porque o resto não atingiu a dimensão que outros que referenciei em cima alcançaram. E o filme realizado por David Fincher creio que possuía menos hipóteses porque acho que é de opinião geral que não é o melhor filme do diretor, em comparação pelo menos com “The Social Network”, “Gone Girl” “The Curious Case of Benjamin Button” e “Seven” que também foram nomeados. Claro que “Mank” não deixa de ser um filme extraordinário e muito bem conseguido nos parâmetros técnicos, mas o argumento que utilizei há bocado costuma ter o seu peso. Porém, basta relembrar que Leonardo DiCaprio venceu o seu primeiro óscar de melhor ator e não foi de todo a sua melhor prestação da carreira, logo não ficaria surpreso se “Mank” vencesse na maior categoria, apenas acho que existem filmes melhores dentro dos nomeados.


Falando agora dos meus favoritos e das principais categorias. No que toca a este último ponto, considero que a prestação de Anthony Hopkins foi de um nível brilhante e cirúrgico, com diversas mudanças de comportamento e sempre cirúrgica na transparência das suas emoções mediante os acontecimentos que marcavam o quotidiano da personagem. Em comparação com Chadwick Boseman, um dos favoritos para muitos cinéfilos, penso que a circunstância do ator já não estar entre nós, poderia motivar os membros da Academia a elegerem o ator principal de “Ma Rainey’s Black Bottom” como o melhor entre todos os nomeados. Felizmente não foi o caso e Anthony Hopkins mereceu o óscar de melhor ator face a qualquer nomeado, o segundo da carreira.


No campo das prestações femininas, Andra Day tem arrecadado a maior parte dos prémios face à sua prestação no filme “The United States vs. Billie Holiday, e por esse motivo seria claramente a favorita à vitória. Caso isso acontecesse não ficaria chocado. Contudo, foi Frances McDormand a levar a estatueta para casa e com muito mérito. Considero que nesta categoria existia um grande equilíbrio entre as nomeadas, só que a protagonista de “Nomadland” conseguiu transparecer com muito realismo a sua personagem, e por este motivo apoiei a atriz que acabou por vencer o seu terceiro óscar da carreira.


No início referenciei que a força de “Promising Young Woman” é o argumento, logo foi mais que justo ter arrecadado o óscar de melhor argumento original. São histórias marcantes que prendem o olhar ao ecrã que os espectadores procuram, e este filme trouxe isso e muito mais, com um nível de excelência imenso na construção da narrativa. No âmbito do argumento adaptado foi “The Father” a vencer a estatueta, pois foi capaz de levantar uma premissa conhecida e transformá-la em algo que parece novo no âmbito geral. Portanto, nestas duas categorias não houve surpresas pois os melhores foram recompensados.


No que toca às prestações secundárias creio que há mais a dizer. Em primeiro lugar, Daniel Kaluuya venceu sem surpresas o óscar de melhor ator secundário. Até porque o único que poderia fazer frente ao ator seria Lakeith Stanfield que contracena com o anterior. Para já gostava que alguém me explicasse a razão de ambos os atores partilharem a mesma categoria, tendo em conta que claramente que o segundo seria o principal da história. Mas como isso não mudaria nada o destino dos óscares não é realmente importante abordar esse assunto, mas fica a ideia no ar. Agora na categoria de melhor atriz secundária foi Youn Yuh-jung a vencer. Nada contra de todo, mas estava a apoiar Olivia Colman por ter sido capaz de acompanhar o nível de prestação de Anthony Hopkins no decorrer da fantástica história que foi produzida. Claro que a prestação da atriz de “Minari” foi impecável e felizmente que o óscar lhe foi entregue pois é da maneira que o filme ganha mais projeção com vista a atingir uma maior quantidade de pessoas.


Para finalizar esta análise aos vencedores da noite, afirmo que durante algum tempo estava indeciso entre “The Father” e “Nomadland”. Ambos os filmes são perfeitos em muitas caraterísticas como por exemplo: argumento, prestações e aspetos técnicos. Neste sentido, tive que utilizar uma visão mais crua para os separar e apoiar um face ao outro. Logo, considero que “The Father” torna-se mais fácil de o espectador se ligar às emoções da história, não só pelo tema em si, mas também porque os atores também ajudam e muito a passar um grande realismo e quase que nos obrigam a colocar-nos no lugar das personagens. Em “Nomadland” a tarefa é um pouco mais árdua, pois as reflexões inertes à narrativa são mais abrangentes e com uns toques espirituais, algo que não é a zona de conforto para os principais fãs do cinema. Noutras palavras, acredito que “The Father” é capaz de marcar com mais facilidade quem o vê face a “Nomadland”, mas foi justíssimo o óscar ser entregue ao filme de Chloé Zhao, que por sua vez também venceu o de melhor realização, tonando-se assim o vencedor da noite.


Diogo Ribeiro

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