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Deputy: Renovação das séries policiais



A olho nu “Deputy” aparenta oferecer exatamente o mesmo conteúdo que algumas séries policiais, algo que me fez atrasar a sua visualização. Tinha a ideia que os episódios existentes iriam focar-se em casos de difícil resolução, com pouco aprofundamento de personagens, e com vista a mais temporadas sem um fim à vista. No entanto, os 13 episódios surpreendem pela distribuição da aplicação de importância a diversos temas distintos.


O centro do argumento é Bill Hollister, que assume o cargo de Xerife do condado de Los Angeles, após a morte do seu antecessor, cargo esse que pode perder no dia das eleições. Pelo menos até esse dia, Bill assume a missão de separar os assuntos políticos das responsabilidades policiais, sempre com o propósito primordial de proteger a população. Por ser um homem do terreno e não de escritório, muitas pessoas consideram que não é o profissional correto para o título que possui. Mas quem trabalha com ele, entende que é a escolha ideal, pois possui capacidades como: rigor, frieza, isenção, competência e responsabilidade, essenciais para separar aquilo que é vital para o departamento, face aos assuntos que são dispensáveis.


Neste seguimento, e após descrever o centro da esfera de temáticas que a série oferece, quero dizer que qualquer outro tema seria merecedor do mesmo número de palavras que acabei de dedicar ao xerife. Com isto, quero enunciar que a caraterística mais fascinante é que, apesar de existir uma divisão notória de personagens principais e secundárias, o tempo dedicado a cada uma das individualidades é quase igual, independentemente do seu tempo no ecrã. Para não me alongar demais, irei anunciar alguns pontos da narrativa bastante complexos. Um exemplo é Paula Reyes, mulher de Bill, que como médica tem que resolver um problema financeiro do hospital, caso contrário pode ser despedida, e juntamente com a filha, são as duas pessoas que mais sofrem, uma vez que, o pai da família ao ocupar o órgão máximo de poder na hierarquia da polícia, é um alvo vulnerável para que certos criminosos possam vingar-se, existindo a possibilidade de utilizarem a sua mulher e filha para o atingir. E dentro deste ambiente perigoso, Bill coloca muitas vezes em causa o seu posto para não prejudicar a família. Noutro âmbito, a segurança de Bill, Bishop, provavelmente a profissional mais competente e eficaz, vai revelando que tem problemas com a sua identidade, e no fim, exibe que é um pessoa não-binária, algo que de forma gradual é explicado de forma clara, apesar da complexidade do tema. O melhor amigo de Bill, o detetive Ward, possui como principal preocupação manter a custódia de duas crianças que adotou. Todavia, até chegar ao momento em que se dedica no sentido de ficar com as crianças, tem que conseguir que ambas consigam encarar a si mesmo e à mulher como pais, apesar de num futuro próximo o casal ter um filho, e sem esquecer o “espinho” desta situação dramática, que é as circunstâncias da morte do pai biológico das crianças (algo que não revelarei).


Poderia prolongar esta descrição de certas linhas da narrativa, mas garanto que quase todas as personagens possuem uma história impactante, com as quais o visualizador se pode identificar, e porventura tomar algum partido em momentos que suscitam decisões polémicas.


Em jeito de conclusão, uma série que superficialmente poderia não acrescentar nada, demonstra no seu miolo um retrato de temas robustos, recheados de emoções, de momentos pesados, nos quais cada personagem é uma individualidade diferente das restantes. Em outros termos, os casos policiais são obviamente a prioridade de todos os polícias, e alguns deles são até de cortar a respiração, mas há muito mais do que essa mera formalidade, existem histórias, traumas e dinâmicas específicas a abordar nestes 13 episódios muito satisfatórios. Infelizmente, a série foi cancelada, derivado das baixas audiências. De facto, é uma pena, porque este “western moderno” é capaz de condensar tantas histórias de forma tão equitativa, que deslumbra ao olhar a quantidade de conteúdo que cada episódio possui.

Diogo Ribeiro

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