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Infinity Train: Histórias Infinitas num Mundo Infinito



Infinity Train é um desenho animado bastante particular. Originalmente concebido como uma minissérie, o sucesso da obra de Owen Dennis provou ser tão popular que reformularam a série para uma antologia, com cada temporada a seguir um protagonista diferente.


O conceito é simples. Os protagonistas estão num comboio gigante, que parece ser infinito, no meio de um desfiladeiro. Cada carro contém um mundo inteiro dentro de si, com habitantes, regras e qualidades específicas. Cada passageiro tem um número na sua mão direita, que sobe ou desce consoante aquilo que faz ou diz no comboio.


Para além desta informação, os passageiros não sabem mais. Cabe a eles descobrir como é que o estranho mundo em que se encontram funciona ou morrem a tentar.



Infinity Train consegue ser surpreendentemente negro, sem nunca perder o espírito inocente de aventura e auto-descoberta inerente a este tipo de histórias. Cada passageiro tem algo do seu passado que precisa de ultrapassar, algo que afeta como eles percecionam o mundo à sua volta, e vai de encontro à temática principal de cada temporada. É emocionalmente gratificante vermos estas personagens crescer e enfrentar os perigos infinitos do comboio, onde tudo pode acontecer.


Aliás, o próprio comboio pode ser considerado uma personagem, com uma história a desenrolar no pano de fundo ao longo das temporadas. Parte do apelo é desvendar os mistérios que este mundo esconde, os habitantes que habitam nele, como funciona, quem o controla, como pode tudo correr mal, e se, realmente, está a fazer mais mal do que bem.

A animação é detalhada, no sentido que os animadores dão importância à continuidade visual, especialmente em relação aos números. Mesmo que o foco da cena seja outro, o número de cada passageiro pode ir mudando ao longo da cena, mostrando a evolução ou regressão da personagem. É um detalhe pequeno, mas que demonstra uma preocupação em seguir as regras da série e ancorá-la na pouca realidade que existe.



Infelizmente, embora tenha sido planeado para oito temporadas, apenas foram produzidas quatro. A série foi cancelada pela HBOmax, deixando imensas perguntas que o criador, Owen Dennis, não poderá responder. Porém, tem havido nos últimos tempos uma campanha pelos fãs para terminar a história de Infinity Train e concluir, pelo menos, a história de uma das suas personagens mais emblemáticas.


Os episódios são curtos, de 11 minutos cada, e nenhum desses minutos é mal aproveitado. É inteiramente possível ver as quatro temporadas que existem numa tarde. Recomendo vivamente que experienciem a série por vocês, e descobrirem os mistérios do mundo de Infinity Train ao vosso passo. Esta é uma das séries mais criativas e originais que vi nos últimos tempos, e, um dia, espero que possa continuar.


Filipe Melo

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