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Rick and Morty: Regresso às Origens

ATENÇÃO: Esta crítica tem spoilers para a quarta temporada de Rick and Morty. Se ainda não viu, leia esta crítica por sua conta e risco.


Rick and Morty estreou a sua quarta temporada depois de deixar os fãs à espera durante dois anos, com o primeiro episódio, Edge of Tomorty: Rick Die Rickpeat, a ser emitido a 10 de Novembro de 2019. Depois dos primeiros cinco episódios, a série ficou em pausa durante quatro meses, até que voltou a 3 de Maio deste ano, com o episódio Never Ricking Morty.


A nível geral, a temporada volta um pouco às origens da série: a narrativa é muito mais episódica, e Rick (Justin Roiland) é apresentado como uma pessoa muito mais falível e humana, mais de acordo com a sua caracterização inicial. Aliás, toda a família Smith é tornada um pouco mais independente de Rick: Beth (Sarah Chalke) não está tão obcecada pelo pai, por exemplo, e Morty é um pouco mais confiante e autónomo. O Jerry (Chris Parnell) continua a ser o Jerry, não dá para evitar, mas mesmo ele tem um momento de glória no último episódio, momento esse que é tratado com sinceridade e não lhe é arruinado por Rick.


O humor é incrível, como sempre. Com piadas de calibre incrivelmente negro e uma escrita perspicaz e astuta, Rick and Morty continua a fazer-nos rir de tão chocados que ficamos. O episódio Claw and Hoarder: Special Ricktim’s Morty é um exemplo incrível. Não esperava que um episódio com dragões e feiticeiros acabasse com uma orgia pseudo-incestuosa, mas aconteceu, e fiquei demasiado estupefacto para poder fazer outra coisa senão rir.


Nem todos os episódios conseguiram cativar-me, porém. O episódio Never Ricking Morty, para mim, foi o pior episódio da temporada. Não por não estar bem escrito, a narrativa do episódio está bem conseguida, depois de a perceber. O problema é mesmo compreender a narrativa. O episódio tem por base a forma como Dan Harmon escreve as histórias para as suas séries, e cria assim uma meta-narrativa. É complicado descrever o episódio em si, devido às referências constantes a conceitos utilizado na construção de histórias. Foi preciso rever o episódio três vezes e fazer pesquisas pelo significado do episódio para poder compreender totalmente o que tinha acontecido. Normalmente, eu gosto de meta-narrativas, mas o aspeto meta estava tão omnipresente que estragou o episódio para mim.


O facto que este foi o primeiro episódio depois da pausa longa não ajudou. Com a espera e uma onda de aborrecimento por causa do COVID-19, as expetativas estavam demasiado altas para ser este o episódio de regresso da série. Especialmente com a implicação que os momentos sérios iriam ser esquecidos, como a narrativa do Evil Morty, implicação essa que foi negada no último episódio.


As duas metades, na verdade, são bastante diferentes, e vale a pena falar disso. Não eram supostos parecerem tão diferentes, mas a pausa criou uma divisão entre os dois difícil de ignorar para quem acompanhou a série enquanto ela saía. Enquanto que a primeira metade mantém um tom consistente de humor e seriedade ao longo dos cinco episódios, a segunda, apesar de ser mais inconstante na qualidade, tem os melhores episódios da temporada, sendo eles The Vat of Acid Episode e Star Mort: Rickturn of the Jerri. Este último destaca-se por ser o único episódio com referências constantes às temporadas anteriores, com destaque para o mistério de não sabermos se a Beth que vemos na série era um clone ou não. A mistura do sério com o humor sempre foi um dos pontos mais fortes da série, e este último episódio mostrou-o mais uma vez.


Concluíndo, Rick and Morty regressou às suas origens nesta quarta temporada, mas foi prejudicada pela divisão da temporada em duas partes. A escrita mantém-se forte como sempre, e mal posso esperar pela quinta temporada e ver se a família Smith pode perdoar Rick, ou se o dano é mesmo permanente.


Filipe Melo

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