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Room 104: Um quarto com possibilidades infinitas

Atualizado: 25 de jul. de 2020


Ao invés da maioria das séries de antologia, aquilo que liga os episódios de Room 104 não é uma temática ou um gênero televisivo, mas um palco onde a ação se desenrola. A série dos irmãos Duplass estreia hoje a quarta e última temporada, com mais histórias neste quarto com possibilidades infinitas.


Room 104 é uma série muito experimental, na verdade, devido à sua premissa de usar sempre o mesmo cenário. O quarto 104 é utilizado de várias maneiras, dependendo do tipo de história que quer contar. Por exemplo, no episódio My Love, o cenário é usado como um quarto de motel normal, mas em Josie & Me, o quarto é um substituto para as memórias da personagem principal. Cada episódio é um tipo de história diferente, por isso o quarto é usado de forma diferente, levando a variações na qualidade de cada episódio.


Existem muitos episódios que não funcionam. Jimmy and Gianni, apesar da premissa de ter um episódio no gênero de documentário no cenário habitual ser interessante, apenas aborreceu espetadores habituados à ficção na série. Voyeurs é um episódio lindo visualmente e muito bem coreografado, mas peca pela ambiguidade da sua história, expressa através da arte da dança. O pensamento fora da caixa e os riscos que os irmãos Duplass tomam, enquanto a maior força da antologia, também são a sua maior fraqueza.


Mas, para ser honesto, acho que neste caso consigo ignorar essa fraqueza. Ao forçarem-se a usar o mesmo cenário vezes e vezes sem conta, as histórias contadas acabam por ser algo refrescantes e diferentes. O episódio A Nightmare usa o quarto como palco para o sobrenatural, um pesadelo que repete vezes sem conta, por exemplo. Crossroads por sua vez usa a casa de banho incluída no quarto como um portal para o inferno.


Muitos episódios também são elevados pela atuação dos atores. Mr. Mulvahill, o meu episódio favorito, tem Rainn Wilson num papel incrível, e eleva uma história simples e boa a um nível ainda melhor, talvez a melhor de toda a série. My Love acaba por ser apenas um monólogo de quase meia hora, mas a emoção na voz de Phillip Baker Hall torna toda a experiência em algo comovente e agridoce.


Room 104 é muito inconstante na sua qualidade. Nem todas as histórias vão ser agradáveis, e algumas são simplesmente más, ponto final. Mas acho que é uma antologia que merece ser vista pela genialidade e criatividade que lhe é inerente, criatividade essa que cria autênticas pérolas. Por isso, vamos apreciar a nossa última estadia no quarto 104, e ver que história é que este tem para oferecer desta vez.


Filipe Melo

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