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Russian Doll- Simples, Direta e Original



Todas as pessoas já conhecem a história de uma personagem estar presa num loop temporal, e ter de repetir o mesmo dia vezes sem conta, pelo menos até cumprir determinado objetivo. Tendo em conta que esta premissa é repetida e já muito explorada, poderá tornar-se difícil depositar a atenção do expectador num território esmiuçado. Todavia, “Russian Doll” oferece alicerces diferentes, isto é, o conteúdo é conhecido, mas a ação surpreende pelas mensagens que perpassam com notável importância no desfecho do loop.


Esta série original da Netflix acompanha Nadia, uma personagem com caraterísticas bem vincadas. Egoísmo, egocentrismo, independência, frieza e uma capacidade de se escapulir a qualquer relacionamento sério, são particularidades que integram esta personagem. No dia do seu aniversário morre atropelada, mas acorda novamente na sua festa. Assim, Nadia tenta sair da situação de estar sempre enclausurada no mesmo dia, até ao momento em que falece sempre de alguma maneira trágica.


Neste sentido, a fórmula da série aparenta conduzir a uma comédia simples, com malabarismos temporais confusos. No entanto, distancia-se destes factos através de acontecimentos profundos. Se ao início as mortes e a própria investigação que Nadia conduz para resolver o problema são elementos hilariantes, no miolo da série percebemos que o desenvolvimento humano é a chave para desvendar a solução. O relevante é o comportamento humano face à sociedade. No caso da protagonista, o lidar com problemas pessoais, medos, traumas e situações inesperadas, fornecem cor e originalidade a todos os episódios.


O conceito da “boneca russa” poderia ser indicador de múltiplas personalidades ou realidades, mas a meu ver, é uma metáfora que se baseia em ocultar aspetos que possuímos, só que não desejamos revelar para os outros. A vulnerabilidade, o assumir o erro, são caraterísticas que a série quer apresentar como normais e naturais no crescimento pessoal.


Sem querer fornecer mais spoilers e detalhes que possam ser denunciadores da narrativa, digo apenas que é surpreendente como uma série de oito episódios com trinta minutos cada, consegue quebrar paradigmas, com vista a expor temáticas como a vulnerabilidade e a necessidade de ligação com pessoas. Ainda bem que não se tornou numa série de episódios quase sem fim, pois a maneira como os episódios foram produzidos revelam que é possível fornecer um conteúdo profundo de uma forma direta, simples e rápida. Acrescento por último que pode ser necessário rever a série para estar atento a todos os detalhes, e isto por si só, demonstra que cumpre o objetivo de entreter, conseguindo ir um pouco mais além disso, sem alcançar o nível do extraordinário.


Diogo Ribeiro

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