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Solar Opposites: O Destaque do Terceiro Plano [SPOILERS]


ATENÇÃO: Esta crítica tem spoilers para a primeira temporada de Solar Opposites. Se ainda não viu, leia esta crítica por sua conta e risco.


Da mente de Justin Roiland, um dos criadores de Rick and Morty, Solar Opposites mostra o dia-a-dia de um grupo de alienígenas presos no planeta Terra, depois do seu planeta natal ser destruído por um asteroide. Agora, o grupo tenta viver como uma família tradicional americana, enquanto consertam a nave e falham ao tentar compreender a cultura humana.


E quando digo “falham”, quero dizer que é uma catástrofe constante. Muito à semelhança de Rick and Morty, o humor desta série é incrivelmente negro. Porém, Solar Opposites deriva o seu humor da incompreensão de termos e tradições humanas, ao contrário do humor niilista de Rick and Morty. Por exemplo, o segundo episódio gira à volta de Korvo e Terry (Justin Roiland e Thomas Middleditch) a não compreenderem o porquê da vizinhança os detestar. A solução mais lógica que encontram para resolver este problema é dosear toda a água potável do bairro com nanobots que recolhem dados privados.


As histórias de cada episódio são quase todas contidas dentro de si, sem grandes ligações entre elas. Porém, há uma história, talvez a melhor de todas, que é construída ao longo da temporada, com um pay-off incrível. O episódio sete, “Terry and Korvo Steal a Bear”, passa-se dentro da Parede, um terrário gigante onde os humanos raptados por Yumyulack (Sean Giambrone) são guardados e cuidados por Jessie (Mary Mack). As histórias sobre a Parede sempre foram pequenas piadas, e faziam parte de uma história terciária, no melhor dos casos. Mas no episódio sete, a Parede torna-se no foco principal, e as personagens principais tornam-se parte do pano de fundo. A construção do mundo fantástico dentro dos terrários, desde a história até às religiões, faz sentido dentro da própria narrativa, acabando por ser a história mais comovente e interessante de toda a temporada.


Acaba por ser esse o problema de Solar Opposites. As histórias mais interessantes e mais hilariantes acabam por ser as terciárias. Já falei das histórias na Parede, mas as aventuras de Pupa também são incríveis. Como a personagem não fala, todas as histórias são contadas através do meio visual, acabando por apanhar o público de surpresa. Acho que foram as vezes que me ri mais.


O resto da série não é má, de todo. As piadas são engraçadas, as morais apresentadas são atuais e bem pensadas, a animação é boa (dentro do estilo de Rick and Morty que estamos habituados), e as personagens são relacionáveis e divertidas. Mas falta-lhe algo específico. Não há muito que a diferencie do resto das comédias animadas de humor negro. O melhor são as narrativas terciárias, mas não têm o impacto ou a predominância necessária para diferenciar Solar Opposites do resto das séries atuais.


Concluíndo, Solar Opposites é uma série que ainda não encontrou a sua voz. Tem todas as qualidades e características de uma série animada de sucesso, mas falta-lhe a cereja no topo. As suas narrativas terciárias são incríveis, e quando elas são o foco do episódio, Solar Opposites capta a atenção do espetador sem nunca o largar, mas não podem ser essas narrativas a salvar a série.

Filipe Melo

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