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The Haunting of Bly Manor: Terror que não é terror


Nos anos 80, Dani Clayton (Victoria Pedretti) muda-se para Londres para se tornar ama dos Wingrave, Flora (Amelie Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth), dois órfãos que perderam os pais dois anos atrás. À medida que conhece os seus encarregados e desvenda os seus segredos traumáticos, Bly Manor começa também a revelar o seu passado sórdido, na forma de espíritos e fantasmas a vaguear pelos corredores, e um parece especialmente perigoso...


The Haunting of Bly Manor é a nova adição à nova série de antologia da Netflix, dos mesmos criadores de The Haunting of Hill House. Originalmente, este último era para ser uma mini-série de uma temporada, mas com o sucesso surgiu a ideia de ter uma história nova a cada temporada. Com membros do elenco original a regressar e o sucesso do seu antecessor, Bly Manor tinha tudo para aterrorizar e deixar os espetadores com os nervos à flor da pele.


Porém, isso não aconteceu. Vendo a temporada, Bly Manor parece ser completamente diferente de Hill House. Os atores desempenharam bem os seus papéis, o cenário e o guarda-roupa são imaculados, e a “marca-de-água”, os fantasmas escondidos pela mansão ao longo da série, para manter o ambiente incerto e inseguro pela qual a antologia é famosa. Todas as peças estavam no sítio, mas mesmo assim a temporada parece ser discordante. Porque será?


The Haunting of Bly Manor não é uma história de terror. Tem vários elementos clássicos de terror, como sustos repentinos e horror físico, mas não é um terror. Bly Manor, na verdade, é uma história romântica, tendo um foco nos relacionamentos entre os empregados da mansão, especialmente a relação entre Dani e Jamie (Amelia Eve), a jardineira. Com esta mudança, os truques da temporada anterior não resultam: os fantasmas não parecem tão ameaçadores, e os sustos parecem estar fora de sítio. Até a verdade por detrás das aparições e dos fantasmas é algo romantizada, não parecendo tão ameaçador.


Como uma história romântica, Bly Manor é bastante normal. Os elementos de terror que contém dão um toque diferente à história, mas para além disso, a história não oferece e inova muito. A última meia-hora da temporada podia ter sido ou cortada, ou encurtada. A história parece acabar no ponto ideal, mas depois alonga-se até chegar à cena final. Entendo o propósito, mas a repetição dos mesmos factos vezes e vezes sem conta torna-se cansativo.


A temporada não é má, atenção. Repito, as prestações estão boas, o cenário é incrível, e as personagens são memoráveis (sou especialmente parcial a Hannah, a cuidadora da casa, interpretada por T’Nia Miller). Mas a atenuação do horror a favor do romance prejudicou imenso a série. Os dois géneros não combinaram bem, entrando em conflito muitas vezes. Se a temporada tivesse sido publicitada como o romance gótico que realmente é, talvez o público (e eu) teria outra reação.


Bly Manor, assim, tem uma crise de identidade da qual não se consegue livrar. É um romance aterrorizante, ou um terror romântico, sem nunca se fixar num deles. Se são um fã de Hill House, é provável que achem que Bly Manor fique aquém das expetativas.


Filipe Melo

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