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The Umbrella Academy: O trauma supera-se em família


Depois de 43 crianças super-poderosas nascerem espontaneamente ao mesmo tempo a 1 de Outubro de 1989, o bilionário excêntrico Reginald Hargreeves (Colm Feore) decide reunir e comprar todas as crianças que pode e criar uma equipa de super-heróis. Reginald consegue sete, e cria-as como se fossem seus filhos. O problema é que ele é uma pessoa horrível que nunca deveria ter sido pai, e acabou por traumatizar todos os seus filhos de formas diferentes.


É este o pano de fundo de Umbrella Academy, a série baseada na banda desenhada do mesmo nome de Gerard Way, vocalista dos My Chemical Romance. A série segue agora toda a família Hargreeves, que se reúne depois de anos afastados para o funeral de Reginald, e explora temas de abuso parental, como o trauma afeta a nossa vida adulta e como devemos superar esse trauma.


Não foi a primeira vez que tentei ver a série. Quando a primeira temporada estreou, vi os primeiros dois episódios, mas não me estava a convencer e desisti. Agora, com a segunda temporada, dei uma segunda oportunidade, e admito, a série demora até chegar a um ponto que me cativou. Recomendo que esperem pelo terceiro ou pelo quarto episódio e depois tomem a vossa decisão.

A nível de pontos maus, os efeitos especiais são o pior. Parte da história de Luther (Tom Hopper) involve ele ter um corpo de gorila. Os efeitos usados são mesmo muito maus e irrealistas, com músculos a dobrarem em ângulos esquisitos e, quando uma camisola é utilizada para disfarçar, nota-se que as mangas estão a ser preenchidas por chumaços quando alguém lhes toca. Aliás, talvez toda a personagem de Luther na primeira temporada é um ponto negativo. Há um romance entre ele e a irmã adotiva Allison (Emmy Raver-Lampman) que começa a desabrochar, e é doloroso de ver, não só por causa do incesto que involve. Ao menos a segunda temporada melhora tudo sobre o Luther e abandona o incesto, ligando-o às dificuldades de relacionamento emocional de vítimas de abuso parental em vez de "verdadeiro amor".


Na verdade, acho que toda a segunda temporada é melhor que a primeira. Os planos e a cinematografia melhoram bastante (embora já eram bastante bons), os irmãos têm uma química muito melhor e natural, e acertam no tipo de conversas e piadas internas que irmãos têm. Luther já não é tão insuportável, e os efeitos melhoram, embora isso continua a ser a parte mais fraca da série.


Umbrella Academy domina a arte da dissonância. A maior parte das cenas de luta são coreografadas ao som de inúmeros clássicos dos anos 80 divertidos e energéticos, bem como covers de músicas nesse estilo. O humor é frequentemente negro, digno de uma série com uma temática tão pesada, e, admito, adoro a estética visual da série. Parece uma mistura de banda desenhada com um sonho febril dos anos 20 (1920). Klaus (Robert Sheehan), Five (Aiden Gallagher) e Vanya (Ellen Page) são personagens incríveis que fazem rir e chorar, Klaus especialmente. Como é que é possível alguém se transformar acidentalmente no líder de um culto? Não sei, mas Klaus tornou-o hilariante.

Umbrella Academy não é para toda a gente. Pode ser pela temática que aborda, pelo início lento, pela estética visual bizarra ou até mesmo pelas personagens, que não são representadas como puramente más ou boas. Mas mesmo assim, tentem dar uma hipótese. Talvez se surpreendam.


Filipe Melo

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