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Westworld: Nova temporada, novo mundo


Os três primeiros episódios da nova temporada de Westworld já foram lançados. Pela primeira vez, vemos o mundo exterior ao titular parque, defeitos inclusive.

Da última vez que a vimos, Dolores (Evan Rachel Wood) escapou do parque e ia preparar o início da sua cruzada contra humanos, levando consigo cinco outros hosts, incluindo Bernard (Jeffrey Wright), que agora vagueia o mundo. Agora, vemos Dolores no meio da sua demanda, aliada a uma cópia de Hale (Tessa Thompson), cuja identidade real ainda não foi revelada. Entretanto, Maeve (Thandie Newton) está presa numa simulação, debaixo do controlo do vilão principal desta temporada, Serac (Vincent Cassel).


Em comparação com temporadas anteriores, até agora, a história parece ter melhorado. Há um maior foco em personagens individuais, e como as histórias delas se relacionam com o enredo geral. O principal problema da última temporada era a escrita: parte do apelo de Westworld é a história não-linear, mas o enredo tornou-se demasiado confuso e filosófico, com as personagens a fazer decisões irracionais para poder avançar com a história e poder transmitir uma mensagem que acaba por não fazer sentido. Dolores, apesar do seu historial de abuso, toma decisões cada vez mais vilanescas e abusivas daqueles que a amam, ao ponto de o público perder o interesse na história dela. Poderá ter sido esse o propósito, mas não faz sentido do ponto de vista da personagem. A continuação da presença de Ford (Anthony Hopkins), apesar da morte deste no final da primeira temporada, não me pareceu suficientemente justificável depois de uma ou duas aparições, mesmo tendo em conta os temas religiosos de criação de vida, comparando Ford a um deus.


Estes novos episódios parecem retificar esses problemas: Dolores, apesar de continuar a ser implacável, toma decisões que fazem sentido com a sua personagem. Na primeira cena do primeiro episódio, Dolores toma um prazer algo malicioso em intimidar e confundir um empresário de sucesso que batia na mulher dele, fazendo alusões às visitas que ele fazia ao parque para violar e agredir a protagonista e roubando a sua fortuna. Assim, demonstra um carinho especial por aqueles que foram abandonados pela sociedade, como Caleb (Aaron Paul). Um dos enredos do terceiro episódio também foi incrível, a da identidade real do host Hale, onde se aprofundam as questões de identidade pessoal e de discordância de duas identidades. A revelação de que a Hale original era uma mãe que adora o filho, contrasta vivamente com a personagem calculista e fria que fomos vendo ao longo da série, e a dificuldade de conciliar essas diferentes versões da mesma pessoa é um ponto genuinamente interessante.


Ao nível da cinematografia, é difícil fazer a comparação, dado a localização diferente da história. Já não há os vastos desfiladeiros e cidades do velho oeste que contrastam com o aspeto tecnológico e futurista dos bastidores. Agora, os planos contêm cenas mais futuristas, prédios altos espelhados, carros sem condutor e ecrãs tácteis. Posto isto, o segundo episódio desapontou muito ao nível de efeitos e coreografia. A cena em que Maeve se apercebe que está presa numa simulação, apesar de incrivelmente bem escrita e ser marcada por uma mudança na própria forma de atuar de Thandie Newton (pré-revelação o diálogo parecia muito mais estático, e após, os diálogos dela soam muito mais expressivos e demonstrativos da sua própria autonomia), tem um efeito de greenscreen incrivelmente visível, e algumas cenas de ação estão tão mal editadas que preferia que as tivessem cortado por completo.


O próximo episódio parece centrar à volta de William (Ed Hardy), um dos vilões mais emblemáticos da série, que ainda não voltou a aparecer depois da cena de pós-créditos da última temporada. Veremos como está a lidar com a sua situação, e veremos finalmente onde na linha temporal da série a sua história se encaixa. Ou talvez não. Afinal, não se pode confiar em tudo o que vemos em Westworld, pois não?


Filipe Melo

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