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20 Filmes dos Anos 30 (1930-1939)


Para os amantes da chamada “Era de Ouro de Hollywood”, ou os que pretendem descobrir os revolucionários realizadores europeus e asiáticos, os anos 30 são uma fonte inesgotável de brilhantes filmes clássicos. A transição do cinema mudo para o sonoro permitiu uma evolução dramática na maneira como se fazia cinema, e permitiu explorar aquilo que era possível neste novo meio artístico. Aqui estão 20 sugestões exibidas pela minha ordem pessoal de preferência. Quando disponíveis gratuitamente, serão incluídos links para que os possam ver (legendas em inglês, exceto quando indicado):


20. À Beira do Mar Azul (1936)


Um romance clássico soviético à beira-mar, “À Beira do Mar Azul” conta a história de dois grandes amigos que viajam pelos mares. Quando sofrem um infeliz naufrágio, acabam numa ilha do Mar Cáspio onde maior do que a beleza que poderiam encontrar nas paisagens marítimas, estava uma bela mulher que conquista o coração dos dois. Um triângulo amoroso carinhoso com uma cinematografia lindíssima e revolucionário no cinema europeu.


19. Cavalgada Heróica (1939)


O primeiro grande western de John Ford, com a sua estrela preferida, John Wayne. Um filme revolucionário que influenciou milhões de outros quer nas técnicas impressionantes que fez uso, quer na forma de contar uma história sobre preconceitos e heróis improváveis que viria a tornar-se um padrão e ainda hoje seria utilizada em tantos outros filmes. Um grupo improvável de pessoas de variados estatutos sociais viajam em conjunto na mesma diligência, vendo-se obrigados a confrontar as suas intolerâncias e quem eles mesmos são.

Pode ser visto em (legendas em português): https://www.youtube.com/watch?v=m597TtqsFkQ


18. Uma Noite na Ópera (1935)


Um clássico dos irmãos Marx e o primeiro filme que fizeram como trio (após a saída do jovem Zeppo para se dedicar a uma carreira fora das luzes da ribalta). O típico caos e anarquismo dos irmãos Marx é transportado para uma ópera onde o enredo nem interesse tem pois é uma garantia da hilariante loucura dos irmãos. No entanto, conta a história de um agente operático manhoso e os dois amigos de cantores de ópera que tentam ajudá-los a atingir sucesso no meio de um pandemónio (literal).


17. Pépé le Moko (1937)


Um clássico francês com um clássico e brilhante ator que personificava aquilo que era uma estrela na tela, com a sua enorme presença e inesquecível presença, Jean Gabi. Aqui, interpreta um gangster que se encontra preso em Argel, que acredita que estará seguro da sua eminente captura pela polícia. Um thriller emocionante com momentos de deixar o coração cair com a adrenalina e com um final inesquecível, considerado como uma grande influência para o clássico britânico “O Terceiro Homem”.


16. Uma Noite Aconteceu (1934)


O primeiro (e um de três) filmes a ganhar os cinco grandes prémios na cerimónia dos Óscares (“Melhor Filme”, “Melhor Realizador”, “Melhor Ator Principal”, “Melhor Atriz Principal” e “Melhor Argumento Original” ou “Melhor Argumento Adaptado”), é um clássico romântico do subgénero screwball comedy das mãos do fantástico Frank Capra que tão bem compreendia a classe trabalhadora americana e como ver o humor e as partes mais belas da vida. Claudette Colbert dá vida a uma jovem rica e mimada que decide fugir da sua família, acabando por ser ajudada pela personagem interpretada por Clark Gable que, na verdade, é um jornalista que apenas quer encontrar uma boa história.


15. Shen Nu (1934)


“Shen Nu”, que pode ser traduzido como “A Deusa”, é um clássico da “Era Dourada do Cinema Chinês”, que prova como os filmes mudos ainda tinham lugar num mundo cada vez mais a exigir filmes puramente sonoros. Uma mulher prostitui-se durante a noite para poder desempenhar a função de mãe durante a manhã, numa altura em que as injustiças sociais e o crime eram prevalentes na vida chinesa. Uma carta aberta a um país comunista cujas promessas de uma vida melhor eram denunciadas pelos artistas.


14. Alexandre Nevski (1938)


Um épico de guerra trazido ao público pelo mestre soviético, Sergei Eisenstein. Retrata a tentativa de invasão da importante cidade russa de Novgorod pelos cavaleiros Teutónicos do Sacro Império Romano-Germânico e a sua derrota pelas mãos do príncipe russo Alexandre Nevski. Dotado de uma cinematografia impressionante, a habitual montagem revolucionária de Eisenstein, sequências de guerra que nos deixam de boca aberta e de uma composição musical do grande Sergei Prokofiev, trata-se de uma experiência impressionante em escala e execução.


13. A Terra (1930)


Um filme que evoca o comunismo e a união dos trabalhadores, e simultaneamente um filme que nos relembra o poder da Natureza e o seu processo de destruição às mãos dos avanços da civilização. Aleksandr Dovzhenko cria um impressionante trabalho mudo que fala a um altíssimo volume onde os pobres trabalhadores se opõem ao domínio dos avarentos ricos, retratando as histórias dos ucranianos que sob domínio soviético lutaram para manterem as suas quintas que eram ameaçadas pela época da mecanização.


12. Vampiro (1932)


“Vampyr” de Carl Theodor Dreyer, o mesmo homem que criou a obra-prima “A Paixão de Joana D’Arc) é um filme de horror, e o primeiro filme sonoro do realizador, onde um homem obcecado com o sobrenatural encontra uma velha estalagem que alberga uma jovem rapariga adoecida que se está a tornar gradualmente num vampiro. Uma adaptação de “In a Glass Darkly” de Sheridan Le Fanu, Dreyer criou uma experiência absorta de quaisquer indícios de certeza da realidade em que a morte nos parece iminente.


11. Passeio ao Campo (1936)


Apesar de ter sido lançado em 1946, “Passeio ao Campo” é um filme inacabado de Jean Renoir, filmado no ano de 1936. O objetivo seria o de retratar uma família que passa um dia no campo, e no processo, a filha acaba por se apaixonar por um dos homens da estalagem. Apesar de não ter sido filmado na sua totalidade devido às condições meteorológicas, o trabalho é dotado de imensos momentos romanticamente emocionantes que evidenciam que não conseguir terminar um trabalho é desprovido de valor algum. Só resta imaginar como Jean Renoir imaginava o filme.


10. Duas Feras (1938)


O reverenciado Howard Hawks também percebia de comédia, e com uma das maiores estrelas de Hollywood da altura, Katharine Hepburn e Cary Grant, não havia como falhar. Ou assim se pensava, a receção foi pobre, mas com o tempo, o filme foi ganhando estatuto, sendo um dos clássicos de comédia do cinema absurda, louca e hilariante. Cary Grant interpreta um paleontólogo que tem que assegurar uma doação de um milhão de dólares para o seu museu, tendo no seu caminho, a adorável e por vezes irritante Katharine Hepburn e o seu leopardo de estimação, Baby.

Pode ser visto em (legendas em português): https://www.youtube.com/watch?v=5fowrDX2zA0


9. A Idade de Ouro (1930)


Luís Buñuel, o Mestre do Surrealismo, voltou a juntar-se a Salvador Dalí (que escreveu o argumento) para criar um bizarro e incompreensível filme (para aqueles que não procurem os simbolismos e críticas). Uma história sobre um homem e uma mulher que procuram consumar a sua paixão num mundo dominado pela hipocrisia sexual da burguesia e valores falsos da religião. Para aqueles que gostam de ficar parvos com o que vêm.

Pode ser visto em (legendas em inglês, intertítulos em francês): https://www.youtube.com/watch?v=zB5xiog7jk8


8. Tempos Modernos (1936)


O filme que marca a demorada transição do brilhante Charlie Chaplin para o cinema sonoro. Uma estrela cujo ato vivia da pantomima poderia ter sido destruída com a evolução natural do cinema, mas a mente de Charlot não para e se havia alguém que era capaz de criar uma obra brilhante neste novo mundo, combinando o antigo cinema mundo com as novas técnicas, era ele sem dúvida. O Vagabundo tenta adaptar-se ao novo mundo tecnológico e industrializado, conhecendo uma adorável mulher que o ajuda. É impossível esquecer a sequência da canção sem sentido. Bravo, Charlot!

Pode ser visto em (legendas em português): https://www.youtube.com/watch?v=HAPilyrEzC4


7. A Regra do Jogo (1939)


Feito numa altura em que a promessa de uma nova Guerra Mundial estava iminente, e que as personagens parecem estar cientes de, Jean Renoir criou uma das mais importantes obras do cinema. Uma comédia de costumes, onde são denunciados os vícios da alta sociedade dos mais pobres. Reunidos num velho palácio, vemos o desenrolar das tensões entre as várias personagens com pequenas intrigas umas com as outras. Revolucionário na forma como foi feito (conseguindo por exemplo uma imagem bastante estável, quando ainda não havia algo como steady-cams), é um dos filmes que comprovam o estatuto de Jean Renoir como um dos grandes mestres do cinema.


6. O Atalante (1934)


Um dos melhores filmes da história, feito por uma das maiores promessas da história do cinema. Infelizmente, Jean Vigo, que empregou técnicas espantosas que iriam moldar a forma como se faz cinema, acabaria por morrer devido a tuberculose somente com 29 anos, deixando um curto catálogo de filmes geniais. O Atalante é o barco onde os recém-casados Juliette e Jean vivem as turbulências do casamento e o que significa estar apaixonado. As sequências subaquáticas são lindíssimas e todo o filme parece um bailado, tudo da mente de um jovem controverso.


5. Os Grandes Aldrabões (1933)


A obra-prima dos irmãos Marx é um filme completamente louco que nem as palavras “anárquico” e “niilista” se aproxima ao nível do absurdo que eles fizeram. Uma sátira política que aponta os dedos aos vários líderes que pareciam ter tomado controlo de um mundo que se encontra em direção da destruição total, que consegue fazer-nos também rir incessantemente ou ficar completamente parvos pela falta de lógica no mundo que eles criaram.

Uma análise mais detalhada a este filme encontra-se em: https://underscop3.wixsite.com/meusite/post/duck-soup-uma-hora-de-caos?fbclid=IwAR1I3KMaCprBIvKSv8e87t9oIxoxOl1LorJl49bjQiSwKLNXz2KCW4G71Rw


4. E Tudo o Vento Levou (1939)


Um dos filmes que mais recentemente criou controvérsia, ao ponto de fazer muitos quererem apagá-lo da História do cinema, “E Tudo o Vento Levou” é um romance épico que nos leva ao Sul Americano, onde vemos o mundo pelos olhos de uma jovem de classe alta cujo mundo de riquezas é rapidamente destruído pela Guerra Civil Americana e vê-se obrigada a “crescer”. Com a participação da talentosa Viven Leigh e do galã Clark Gable, trata-se de um dos romances que creio estarem melhor desenvolvidos no meio de tantas parelhas em Hollywood.


3. A Grande Ilusão (1937)


Mais um do mestre, Jean Renoir. Desta vez, durante a primeira Guerra Mundial, cujos protagonista são dois soldados franceses (um deles interpretado por Jean Gabin) que são prisioneiros num campo de prisioneiros de guerra. Seguimos as tentativas de fuga dos soldados e os pensamentos de ambos os lados de uma guerra que nada trouxe senão os frutos do grande acontecimento do século XX.


2. Matou (1931)


O primeiro filme sonoro do mestre alemão, Fritz Lang, e o penúltimo antes do seu exílio da Alemanha é um dos grantes thrillers da história, com tempo não só para levar as pessoas a grandes sustos e aflições, mas também para levar a população a questionar aquilo que o partido nazi realmente pretendia e começarem a pensar por si mesmos. Uma cidade que se encontra aterrorizada por um serial killer que anda a matar as crianças, começa uma busca desenfreada pelo criminoso. Polícias e mafiosos trabalham separadamente para acabar com o terror.



1. Luzes da Cidade (1931)


Pode ser surpreendente, mas Chaplin conseguiu criar a sua obra-prima do cinema mudo, numa altura em que só o sonoro parecia estar na berra. Um sucesso instantâneo, “Luzes da Cidade” é tudo aquilo que esperamos de Charlot e muito mais. Uma combinação fantástica entre a comédia e o drama, cheio de famosas sequências em todo o trabalho de Chaplin. Desta vez, o amado Vagabundo apaixona-se por uma mulher cega que vende flores na rua. O seu objetivo é tentar ganhar dinheiro para poder ajudar a rapariga.

Pode ser visto em (legendas em português): https://www.youtube.com/watch?v=TkF1we_DeCQ


Ficam aqui 20 sugestões, espero que numa delas, o leitor encontre aquilo que melhor se adeque ao seu estilo e o possa ajudar a passar um belo serão, conhecendo mais do cinema no processo!


Manuel Fernandes

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