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Fatherhood: Uma Narrativa Equilibrada


Certos atores costumam inserir-se numa certa categoria de filmes e raramente fogem dessa zona de trabalho. Normalmente, ficamos mais surpreendidos quando acompanhamos um ator que só interpreta personagens cómicas e que posteriormente arrisca numa performance dramática. Talvez porque é mais unanime que o meio dramático seja o mais árduo de trabalho e também o mais marcante, de uma forma geral claro. Neste filme verifica-se isso com Kevin Hart, um ator mediático no ramo do humor e que é raro vê-lo em filmes mais sentimentais. Contudo, decidiu arriscar e colocar em cima da mesa características que raramente explora na sua carreira.


Fatherhood acompanha Matt (Kevin Hart) que se prepara para ter a sua primeira filha com a mulher. Contudo, a esposa morre após o parto e Matt tem de aprender a cuidar da filha praticamente sozinho. Sei que posso ter fornecido grande spoiler, mas não só o filme começa exatamente com este acontecimento, como também as primeiras imagens do trailer revelam isso e sem esquecer o nome do filme, que remonta para uma história em que existe um pai solteiro. Matt vive entre dois polos totalmente distintos, ou seja, ao mesmo tempo que lida com a tristeza da sua perda, também tem que fazer frente aos desafios de criar uma filha sozinho. Algo relevante é o papel da sua sogra, que vive numa cidade longe de Matt, e que concebeu um acordo com ele. Caso ela perceba que Matt não consegue lidar com a situação, a filha vai viver com os avós. No fundo, o nosso protagonista tem que lidar com um misto de acontecimentos que não tornam a sua vida fácil, sem esquecer o seu complicado emprego que ocupa muito tempo.

Como podem ter percebido, o início do filme agarra o espectador imediatamente pela carga emocional em volta da morte da mulher de Matt. Todavia, ao longo da narrativa vemos cenas bastante cómicas de um pai que pouco sabe acerca de paternidade. A sua adaptação a coisas básicas como mudar fraldas, adormecer a filha e organizar a sua vida pessoal são muito inteligentes, pois permitem fugir face ao drama inicial. Esta transição é concebida mais algumas vezes durante o tempo de tela, criando um equilíbrio confortável até ao final.


A prestação de Kevin Hart é muito sólida e eficiente. O próprio apresenta-nos valências incomuns face ao que costuma mostrar em trabalhos anteriores. Da mesma maneira que a narrativa muda no âmbito de ser mais ou menos carregada emocionalmente, o próprio ator também consegue executar essa transição de maneira muito natural.


No fundo, trata-se de um filme que não é brilhante e excecional, mas é um pouco mais do que um filme mediano. A Netflix arriscou com esta nova aposta e concebeu um produto que tanto nos consegue tirar uma gargalhada como ficar com os olhos em lágrimas. Se tivesse que escolher uma palavra para resumir o desempenho do filme seria “surpresa”, isto porque utiliza alicerces já conhecidos, aposta num ator do ramo puro da comédia e ainda assim somos capazes de ver uma história muito equilibrada entre o argumento e a prestação de Kevin Hart.

Diogo Ribeiro

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