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Cruella: O Melhor Live-Action da Disney!!



A lista de refilmagens de clássicos da Disney em live-action já possui um total de 17 filmes e desde 2014 já foram lançados 13 filmes. Esta abordagem tem sido muito polémica ao longo dos anos, alguns dizem que são produzidos demasiados filmes, outros consideram que certas longas não possuem a mesma magia dos originais e uns afirmam que a companhia de animação só pensa no dinheiro e coloca de lado a qualidade. Na minha ótica, não vejo mal nenhum nos live-actions, mas alguns poderiam ter ficado na gaveta pois não acrescentam nada face aos originais. Claro que cada história oferece diferentes caminhos e pode ser uma tarefa árdua acrescentar elementos novos áquilo que já conhecemos. Por exemplo, o live-action do Rei Leão não contribui absolutamente nada no que toca à narrativa e torna-se apenas num filme repleto de efeitos visuais incríveis. No caso do Aladino achei que iriam seguir o mesmo trajeto do anterior, mas fiquei muito surpreendido por integrarem alicerces novos e lógicos face à narrativa do clássico. No âmbito das sequelas já lançadas, como “Maleficent: Mistress of Evil”, afirmo que nesse caso ficou bastante vincada a vontade de amealhar os mesmos lucros do seu antecessor, que para mim até era o melhor de todos os remakes. Cada um com os seus gostos obviamente, mas considero mais astuto procurar uma fórmula precisa que conquiste o coração de todos e para isso é desejável que imaginem uma história o mais original possível. Em outros termos, é possível e natural espelhar caraterísticas do original, mas ainda assim conseguirem incluir novas ideias. Até agora, já foram utilizadas duas abordagens desse género, uma foi colocar a personagem do original num contexto diferente e com algum background, o caso do filme “Maleficent”, a outra apresenta-se no filme da “Cruella, onde vemos uma prequela a 100%, onde existem elementos originais que expliquem grande parte da história da personagem que desconhecemos.

A personagem Cruella é uma das vilãs de topo da Disney, manipuladora, astuta, estratega, com influência e cruel obviamente. Um clássico que conquistou gerações e que até à estreia deste filme nunca percebemos a obsessão sanguínea da vilã nos dálmatas nem o porquê de ser tão terrorífica. Esta adaptação transporta-nos à sua infância dramática. Cruella, logo desde o início da sua vida, era colocada de lado e considerada estranha devido à dupla cor do seu cabelo (preto e branco). Nunca se adaptou em nenhum grupo da escola e a sua mãe via-se aflita, pois era necessário mudar sempre de cidade devido à filha ser expulsa das escolas. Numa ocasião, e sem meios para se instalarem numa nova cidade, a mãe decide ir pedir ajuda a um amigo para recomeçar. Nesse local, Cruella, que já em miúda era apaixonada pela moda e pelos vestidos, saiu do carro pois decorria um baile de máscaras. Infiltrou-se na festa, mas rapidamente criou o caos, com isso conseguiu que os três dálmatas da dona da mansão, chamada por “The Baroness”, lhe perseguissem até ao exterior da casa. Lá fora, a sua mãe falava com a própria Baronesa para pedir dinheiro. Num instante, Cruella baixou-se num terreno inferior e os cães continuaram em frente e empurrarem a mãe de Cruella que morreu devido ao precipício atrás de si. Cruella ficou sozinha e órfã. Até agora tenho dito Cruella e sei que estou errado, pois o verdadeiro nome da nossa vilã é “Estella”, e com o passar do filme transita para personagem que conhecemos. Até agora usei o nome errado com o propósito de evocar que ela sempre foi a Cruella, “Estella” é só uma capa para se proteger de tudo. A protagonista não se enquadra em ponto nenhum do mundo nem se revê no próprio nome. Contudo, isso muda numa ocasião única, quando em Londres conhece o Edgar e o Horácio, dois jovens órfãos e sem nada, tal como Cruella. Ambos a aceitam no grupo e começa uma ventura no mundo do roubo para puderem sobreviver. Com o passar dos anos, o amor pela moda nunca abandonou a alma de Cruella, aliás esse gosto só aumentava. Ainda a vestir o papel de “Estella”, começa a trabalhar numa famosa loja de moda como empregada doméstica, e certo dia transfigura completamente a montra da loja. No dia seguinte aparece a Baronesa, que ficou impressionada com a montra e contrata Estella para desenhar vestidos para a sua marca. Rapidamente torna-se a melhor designer do trabalho, os seus vestidos impressionam a Baronesa, que é por norma uma pessoa insensível, sem escrúpulos, exigente e que não se impressiona com facilidade. Só Estella conseguiu mexer com o interesse da Baronesa.

A partir do ponto anterior percebemos quem será a grande antagonista desta história, que até nos dá grandes semelhanças face à Cruella que conhecemos dos originais. Também só faria sentido colocar frente a frente alguém que fosse do nível da Cruella. Esta percebe que a Baronesa possui um colar que era da sua mãe, e vê a própria a chamar os cães com um apito, objeto esse que lhe relembrou a memória, pois no dia da morte da mãe foi a Baronesa que chamou os cães para a atacarem. Após perceber isto, Cruella adquire a sua verdadeira identidade quer interiormente quer exteriormente. Formula um plano para roubar o colar, mas falha e os seus capangas são presos. Posteriormente, a Baronesa descobre a sua identidade verdadeira e queima a casa onde Cruella estava e da qual sobreviveu. Admite a sua derrota, pois estava na mó de cima quando aparecia em várias galas de moda e mostrava os seus vestidos, com o propósito de espelhar que é superior à Baronesa, com a consequência de prejudicar a marca da antagonista. Cruella liberta Edgar e o Horácio, e recompõe-se com a conclusão do plano final. De seguida começa a revelar fins vingativos fatais para a Baronesa. Os seus amigos desconfiam, pois Cruella nunca tinha revelado esse traço tão sanguíneo. Aliás, a meio do filme dá a entender, após raptar os cães da Baronesa, que os matou para fazer o vestido que utilizada quando interrompeu a maior gala da Baronesa.


A conclusão final aproxima-se quando estabelece a sua maior ideia, mandar cartas a todos os convidados do baile na casa da Baronesa para usarem perucas ou pintarem o cabelo de preto e branco. Baronesa ficou chocada ao ver tal imagem gráfica, isto porque Cruella tinha sido oficializada nas notícias como morta. Agora chega um incrível plot-twist, Cruella foi salva do incêndio por um empregado da Baronesa, que lhe disse que a proórpia tinha dado à luz uma menina que quis matar em bebé, ordenando esse empregado que não foi capaz de executar tal pedido. Para salvar a menina, deu-a a uma empregada da Baronesa na qual confiava e disse para fugirem. Conclusão, a pessoa que ela pensou a vida inteira que era a sua mãe, era de facto uma empregada da Baronesa, e esta sim a sua verdadeira mãe. No fundo faz todo o sentido, pois ambas possuem caraterísticas iguais ao pormenor com o mesmo amor pela moda e personalidade cruel. Em outros termos, trata-se de uma luta sobre quem é mais cruel face à outra. No clímax, Cruella que tanto ameaçou que ia matar alguém, veste pela última vez o papel de Estella. Já no local do precipício onde a tal mulher morreu há uns anos, Estella conversava com a Baronesa e provocou-a ao máximo que colmatou com a Baronesa a empurrar Estella para o precipício. Todos os convidados viram o acontecimento, isto porque foram todos convidados a sair para o espaço exterior, por sugestão dos infiltrados Horácio e Edgar na festa. A Baronesa foi presa, Estella já tinha previsto aquele destino e preparou-se com a posse de um para-quedas, e com a Baronsa já no carro da polícia, Cruella aparece num momento de alta revelação para todos, assumindo a posse da casa e de todos os bens pois é a herdeira de todo o império da mãe. A Estella morria ali definitivamente para nunca mais regressar.


Existe uma cena pós-créditos onde podemos ver Anita, uma personagem secundária da história deste filme, a jornalista responsável por colocar o nome de Cruella na boca de todos os cidadãos, a receber uma caixa onde vinha um dálmata dado por Cruella, já batizada com o nome “Perdita”. Ao mesmo tempo, vemos Roger a receber também o dálmata com o nome “Pongo”. Ainda com uma mensagem a dizer “Enjoy” para Roger e “See You Soon” para Anita. Claramente fica no ar da ideia de uma sequela, ou simplesmente a explicação que leva ao início dos “101 Dálmatas” que conhecemos, sem necessidade de criar uma nova história. Caso produzam um novo filme, certamente que o foco não será Cruella e espero que não repitam a mesma premissa do primeiro live-action protagonizado por Glenn Close. Por falar nisso, a sequela com a mesma atriz, está homenageada neste filme com a introdução de duas identidades para a Cruella, pois já nessa sequela a vilã transita de uma pessoa do bem para o mal, aqui foi só noutro registo bastante justificável e lógico.

Sei que é muito cedo para falar dos óscares do próximo ano, mas acreditem que os óscares de melhor guarda-roupa, maquilhagem e penteados já estão entregues para este filme. Claro que poderá surgir um filme que possa fazer frente a este em análise. Obviamente que esta longa iria abusar da integração de vestidos irreverentes e espantosos, mas fá-lo de uma maneira bastante incisiva e inteligente. Durante o tempo de tela, todas as cenas que espelham o tema da moda são justificáveis face à história em si, portanto não cansa de todo a vista ao espectador.


Quanto à incrível Emma Stone, eu não estranharia de todo uma nomeação para melhor atriz com este papel, aliás, até seria bastante justo. A atriz foi capaz de agarrar a 100% a personagem e ainda bem que a produção introduziu a identidade da “Estella”, pois assim vemos que Emma Stone não se prende apenas à Cruella, sendo capaz de alternar entre duas personagens diferentes. Uma prestação incrível e espero que inesquecível para muitos.


Em suma, este filme como é um remake da Disney pode até ser um fator prejudicial no âmbito da conversa dos Óscares. Contudo, se as pessoas olharem para este filme como algo independente, tal como foi feito no filme do “Joker”, pode ser que seja mais aceite para todos associar “Cruella” às nomeações da gala da academia. Até porque se trata de uma prequela e não de uma cópia do clássico. Existem muitos elementos novos que convergem na Cruella que já conhecemos dos filmes animados e dos dois remakes já produzidos. Uma abordagem estupenda que demonstra que é possível criar conteúdos incríveis com base nos grandes originais. Se seguirem esta linha de produção poderemos ter ainda mais live-actions deste nível de excelência.


Diogo Ribeiro


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