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"Animal Factory": uma perspetiva original da realidade prisional



Considero que a realidade de uma prisão é sempre um tema recheado de pontos que, a serem bem explorados, podem conduzir a um filme que nos possa elucidar da cruel monotonia que preenche a rotina dos prisioneiros, bem como os pequenos escapes que utilizam para se sentirem pessoas normais.


Animal Factory produzido em 2000, de Steve Buscemi, conta com Willem Dafoe, Edward Furlong e Danny Trejo no elenco. Na sua essência, o primeiro parágrafo que redigi descreve de forma superficial este filme. No entanto, indo um pouco mais além, a perspetiva espelhada durante a hora e meia de filme conduz-nos à conclusão de que a vida numa prisão é apenas uma escola de preparação para uma vida de criminoso. Mas antes de me dedicar ao cérebro da questão, convém relatar a narrativa, já que esta é centrada em poucas personagens. Logo, a conclusão anterior pode ser adaptada a uma individualidade e não a um coletivo de pessoas.


Esta longa-metragem acompanha Ron Decker, um jovem que é introduzido num mundo de violência, com a esperança de sair do mesmo com o auxílio do pai. À medida que o tempo passa, Ron percebe que isolado poderá ser um alvo muito vulnerável, e surge uma necessidade de fazer ligações benéficas, de maneira a cumprir a pena tranquilamente. Neste sentido, torna-se o protegido de Earl Copen, um veterano que domina o sistema dentro da prisão. Com o passar do tempo, amizades e rivalidades são feitas, e o protagonista percebe que mesmo sendo protegido, é inevitável fazer face a conflitos. Devido isto, surge a ideia de fugir da prisão. Um plano é arquitetado por Earl, mas reside a questão habitual: será que ambos conseguem fugir? Ou alguém irá ficar para trás?

A narrativa do filme é algo que já fomos habituados a ver de facto. Não obstante, a inovação que nos é oferecida prende-se à perspetiva que o meio prisional não é apenas um castigo, mas sim uma rampa de aprendizagem para aprimorar os instintos criminosos de cada um. Tendo em conta isto, o desfecho do filme enaltece essa ótica, de uma maneira bastante clara, pois se uma pessoa passou a maior parte da vida na prisão, será que estará preparado para uma realidade que já não conhece?


Um dos pontos fracos do filme é a cinematografia. Existe uma clara ausência de esforços para tornar o filme visualmente apelativo. A meu ver, pedia um pouco mais de cor, ritmo nos cortes, e uma banda sonora bem conjugada com os momentos mais intensos.


No fundo, é um filme bastante preciso no objetivo de garantir algumas aprendizagens, bem como perspetivas que não estamos acostumados a absorver. Carece de caraterísticas que poderiam decorá-lo com uma essência mais extraordinária. Ainda assim, um filme sobre a vida prisional muito “underground”, que merecia subir uns degraus no interesse dos cinéfilos.


Diogo Ribeiro

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