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Capone: Tom Hardy carrega o filme às costas



Já analisado o trailer do filme “Capone”, é tempo agora de me dedicar ao filme propriamente dito. Tom Hardy interpreta a personagem de Al Capone, no último ano de vida do gangster americano. Este drama biográfico transporta-nos aos anos 40, altura em que o protagonista evidencia os primeiros sinais de demência. Para além da doença mental que possui, também terá de lidar com fantasmas do seu violento e pesado passado. A premissa do filme é basicamente esta, já que o filme começa após Capone sair da prisão. Logo a sua vida de criminoso é colocada de lado. Não temos momentos de ação, perseguições de carro, traições e momentos de extrema violência. Apesar de o espectador visualizar a decadência de uma personagem, o argumento não abre portas a nenhum tipo de meditação sobre o fim de vida e considerações profundas acerca disso. É apenas e só, a decadência de um ser humano em específico, bem como a reação das personagens que o envolvem.


Tom Hardy, mais uma vez, demonstra que é um fantástico ator. Os seus maneirismos completamente detalhados conferem à personagem complexidade. O próprio coloca muito esforço em qualquer palavra pronunciada e gesto realizado. Já para não falar da sua arma mais poderosa, o olhar. No fundo, a personagem não comunica apenas com frases percetíveis. A maneira de andar, de se sentar, e de até fumar um charuto, são particularidades exploradas pelo ator.


Um ponto muito relevante relacionado com a personagem, é a caraterização da mesma. Todo o processo de guarda-roupa e maquilhagem foi tremendo. Principalmente o trabalho feito na cara de Tom Hardy foi genial. Ainda bem que decidiram usar os olhos do ator, para expor os efeitos secundários da doença do gangster.


Fico desiludido com as fracas reações e avaliações que tenho visto durantes estes dias. Sinto que as pessoas procuravam um filme com as caraterísticas de base de um filme de gangster. Mas lá está, como disse anteriormente, é um filme sobre o desvanecer de uma pessoa, totalmente afastado do seu auge. Admito que, depois de ver esta longa metragem, foi um exagero escrever que seria um candidato forte e promissor aos óscares. Todavia, apesar do filme não surpreender, também não desilude. É pena que o filme não consiga elevar a prestação do ator. O filme reveste-se com uma velocidade muito reduzida, para uma performance tão minuciosa e árdua de Tom Hardy.


Assim, um filme que poderia ir mais além, mas que por caraterísticas inerentes à construção da narrativa, não é capaz de atingir o nível de extraordinário. Ficamos com uma interpretação muito sólida de Tom Hardy, que nos intriga principalmente nos momentos em que a personagem tem alucinações. Só nesses momentos, é que aprofundamos no sentido de perceber o que é real do que não é.


Diogo Ribeiro

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