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Conhecer Antoine Doinel: Antoine & Colette


Três anos depois de “Os quatrocentos Golpes”, a personagem de Antoine Doinel voltou ao grande ecrã com a curta “Antoine & Colette”. Em apenas trinta minutos, François Truffaut avançou do retrato espetacular de uma infância maldita para uma adolescência que nasce das crianças que lutam pela sua independência e que desejam ser livres num mundo completamente sistematizado e que obriga à automaticidade e a reger-se por leis macabras aos olhos dos criativos.


Antoine, agora com 17 anos, vive sozinho, trabalha e explora a cultura que Paris tem para lhe oferecer. Cortou laços com os seus pais e o mundo está completamente aberto para ele ir de um lado para o outro e descobrir tudo que tem para oferecer. Claro que de todas essas ofertas do mundo, um adolescente está mais do que tudo, interessado nas jovens e misteriosas raparigas. Tal como o filme, este artigo será curto em palavras, mas longo em ideias.


O que mais impressiona, para além do estilo de cinema revigorante e divertido de François Truffaut, é o retrato infeliz da fantasia e obsessão adolescente. Antoine fica preso nesta paixão não correspondida por Colette. Ela não tem o mesmo tipo de sentimento para com ele, apesar de gostar dele, não é dessa forma. Para além disso, quem realmente parece adorar Antoine são os pais de Colette. Eles adoram a sua forma de viver desprendido do mundo e de regras, e de aos 17 anos controlar totalmente a sua vida sem ter que responder a pais ou qualquer outra forma de autoridade. A trágica história é a de Antoine que anda sempre atrás de Colette, vê os seus afetos a não tomarem uma direção recíproca da parte dela, e que mais simpatia obtém daqueles que queria, em vez da jovem que adora. Que adora, ou que se sente desafiado a obter a sua aprovação. Colette faz com ele um jogo infantil, típico da idade, em que não anda nem desanda. Deixa-o pôr o braço à sua volta, mas não mais do que isso. Aceita os seus convites, mas depois age com desinteresse. Podemos acreditar que é a forma dela de “não tornar as coisas fáceis”, o romance é uma batalha e sem lutar, nada vale a pena. Mas ela na verdade, simplesmente não o vê dessa forma.


É assim o amor, há quem vença, há quem perca e há quem fique preso no seu primeiro amor. Esperemos que não seja o caso de Antoine Doinel, mas ainda falta explorar três filmes a si dedicados, no espaço de 17 anos.

Manuel Fernandes

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