Coraline: Um conto de fadas com horror à mistura
- underscop3
- 11 de out. de 2020
- 2 min de leitura

Coraline (Dakota Fanning) e a sua família acabaram de se mudar para uma casa nova em Ashland, Oregon. Ignorada pelos pais (Teri Hatcher e John Hodgins), ocupados com a criação de um catálogo de jardinagem, a rapariga encontra uma pequena porta, perseguindo um pequeno rato através dela. Do outro lado, Coraline descobre um mundo diferente, com versões idealizadas dos seus pais, à exceção dos botões nos olhos deles. Encontrando maravilhas e toda a atenção que procurava, Coraline passa cada vez mais tempo no outro mundo, e eventualmente, é convidada a ficar para sempre.
Mas tem de coser botões nos seus olhos primeiro.
Coraline é o primeiro filme dos estúdios Laika, peritos na animação stop-motion. Com Henry Selick como escritor e director (da fama de Nightmare Before Christmas), e um argumento original de neil Gaiman, a obra tem a ideal proporção de horror e fantástico. A história lembra-me um daqueles contos de fadas originais, como os dos irmãos Grimm. Há um ambiente misterioso cheio de tensão, projectados pela mente de uma criança.
A animação está incrível, para começar. Os estúdios Laika eram ainda obscuros na altura, mas este filme começou a distingui-los. A animação é fluída, mas não tão fluída que acaba por deixar o uso de stop-motion irrelevante. O que melhor me vem à cabeça como comparação é um teatro de marionetas, em que os bonecos se mexem sem cordas, mas com movimentos ligeiramente rígidos à mesma.
Talvez os principais pontos fortes são a narrativa e a estética. O tom meio gótico, meio infantil é vital para o funcionamento do filme. A história é aterrorizadora para crianças, mas ainda é arrepiante o suficiente para um público mais velho. As personagens também são cativantes, especialmente os vilões. Aprecio especialmente a temática de “o que são bons pais” entre ambas as mães: A original ama e adora Coraline, mas não lhe pode dar toda a atenção que ela quer; a Outra Mãe é atenciosa e dá a Coraline tudo o que ela quer, mas não há o laço afetivo por detrás.
O ponto de vista de Coraline é interessante. Como ela ainda é jovem, há certas coisas que lhe passam despercebidas. Há pistas no filme que os seus novos vizinhos têm vidas mais interessantes que aparentam, mas como Coraline não se interessa e está revoltada com os pais, ela não tem interesse em saber mais. Dá um ar mais tridimensional ao mundo, da existência de histórias que desconhecemos. E, quando Coraline começa a relaxar, ela torna-se mais curiosa, e começa a querer saber mais sobre o passado de quem a rodeia.
Resumindo, Coraline é arrepiante e encantador em todos os sentidos, e, para uma experiência de horror mais soft com um extra de fantasia gótica, não há melhor filme que este.
Filipe Melo
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