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De Ilusão Também Se Vive: E De Magia Também!



Dezembro é um mês muito especial para imensa gente. O frio, vento e chuva (para alguns, a neve) fazem-nos procurar o conforto e o calor das casas. Talvez mais que o calor de uma habitação, a maioria procura o aconchego que encontra nas suas famílias, naqueles que mais gosta e, especialmente nesta altura, a beleza da tradição natalícia atinge as pessoas de uma forma poderosa. As decorações de cores garridas impressionam e colocam um brilho nos olhares daqueles que mais se deixam levar pelo espírito natalício. Quer seja uma tradição mais inspirada por raízes religiosas, ou que advém de uma perspetiva mais capitalista, muito dificilmente, não há quem se deixe de inspirar pela ocasião e tente “tornar o mundo em algo melhor”, mesmo que seja por meros instantes e para apenas outra pessoa.


Apesar de ser extensamente utilizado numa perspetiva comercial, a figura de São Nicolau, Kris Kringle para os Estados Unidos, representa um ícone de bondade e altruísmo. Não se cinge apenas à ideia de oferecer presentes, com isto vem acompanhada a noção de que em cada pessoa existe o poder de mudar uma vida (tal como disse, nem que seja algo breve).


Agora imaginem que encontram um homem que tem aquele porte perfeito para personificar a figura de Pai Natal. É rechonchudo, tem umas maçãs de rosto proeminentes e uma comprida barba branca. Toda a gente acreditará que estamos mesmo na presença daquele homem mítico que vem da Lapónia e conduz um trenó e as crianças vão ficar encantadas. Para vossa surpresa, quando uma menina que apenas fala holandês quer ver o Pai Natal, ele também fala holandês! É perfeito para o papel. Exceto… ele diz que não se trata de um papel. Ele diz que é mesmo o verdadeiro Pai Natal. Uma brincadeira curiosa, mas ele não desmente nada. Continua a afirmar que ele é o famoso e o único. Que fazer perante isto? Se nos conformarmos à sua história estaremos a alimentar a loucura de um pobre homem que acredita ser o Pai Natal? Se o confrontarmos, iremos continuar neste terrível impasse de sim, não, sim, não, sim, não, etc…


Esta foi a situação na qual se encontrou Doris Walker, maravilhosamente interpretada pela impressionante Maureen O’Hara. Impressionada com a semelhança deste homem com a figura famosíssima, deu-lhe a oportunidade de ser o representante dos sonhos de imensas crianças. Mas apesar de o seu trabalho estar relacionado com a magia do Natal, ela não é dada a estes sentimentos. É uma realista com uma certa dose de cinismo. Até ensinou a sua pequena filha, Susan, a não acreditar em contos de fadas e a manter os pés na terra. Imaginar essas loucuras é uma mera perda de tempo e há coisas bem mais interessantes na realidade… talvez mais chatas, mas pelo menos reais. O clássico combate entre o criativo e o realismo? Ou será mesmo?

Manuel Fernandes

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