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Enemy at the Gates: Muito mais do que a própria Guerra


"Enemy at the Gates" surpreendeu-me de todas as formas e maneiras, e tal como leram no título, o argumento da história não é só a guerra por si só, ou apenas um confronto entre dois snipers. Existem mais pontos a realçar e que colocam esta longa metragem numa das melhores que já vi dentro da categoria de guerra. O filme foi lançado em 2001, realizado por Jean-Jacques Annaud, e conta com Jude Law, Ed Harris, Rachel Weisz e Joseph Fiennes. A partir daqui irei descrever alguns pontos do argumento, portanto para quem não viu o filme cuidado com os spoilers.


Uma parte dos filmes acerca da segunda guerra mundial retrata o confronto entre as tropas americanas e as alemãs. Mas este foca-se na invasão alemã à União Soviética, mais precisamente à cidade de Stalingrado. Logo no início percebemos a violência e agressividade que nos espera ao longo do filme. Os alemães são impetuosos e devastadores no momento da invasão. No lado dos russos, os desertores são fuzilados pelos generais, e fica a clara ideia que os soldados do Exército Vermelho naquele instantes inaugurais apenas possuem como destino a morte, seja de que maneira for, a hipótese de fuga é próxima a nula. Após o assentar da poeira daquele inferno inicial, dois soldados sobrevivem, Vassili Zaitsev (Jude Law) e Danilov (Joseph Fiennes). Vassili demonstra grandes capacidades de atirador, e na melhor cena do filme com uma sniper como recurso, ambos conseguem fugir dos olhares dos alemães. Um antigo soldado do exército americano, Nicholas Irving, analisou algumas cenas de snipers num canal do Youtube, e nesta cena em específico que acabei de falar, Nicholas deu nota máxima, por ser uma sequência realista quanto aos tiros em si e também no que toca ao manuseamento da arma.


Logo nos primeiros 20 minutos percebe-se que o filme foi extraordinariamente eficaz na reconstrução da batalha de Stalingrado. Realismo, suspense, e detalhe, são caraterísticas que se mantêm até ao final do filme. É evidente a competente caraterização das ruínas da cidade, das viaturas de guerra e dos túneis subterrâneos, que permitem espelhar com a maior precisão possível um episódio bastante negro da segunda guerra.

No seguimento da narrativa, Danilov inicia uma campanha para divulgar os feitos de Vassili, de maneira a que os exemplos positivos se elevem face aos exemplos negativos, sendo estes últimos o fuzilamento dos desertores face às ameaças. Assim, Vassili tornou-se uma lenda viva. A moral dos restantes soldados russos aumentou, e os alemães conscientes dessa realidade encaminharam o seu melhor sniper, o Major Konig (Ed Harris), com o propósito de matar Vassili. A partir daqui, os dois snipers enfrentam-se em várias ocasiões, ambos são as esperanças de cada lado, e quem vencer no final ficará na história. A "dança" entre os dois rivais é detalhada e consistente, com os típicos "mind games" a marcarem a sua influência de maneira a apimentar este confronto. Todavia, como disse anteriormente, este filme é mais do que um simples duelo entre dois atiradores e os seus vícios e rotinas.


Sacha, um rapaz russo, coloca a sua vida em risco ao conviver com o sniper alemão, de maneira a extrair informações preciosas. Sacha é descoberto, e percebe-se que terá um destino fatal pelas mãos de Konig. Não obstante, não vemos Sacha a ser fuzilado, só uns minutos depois é que a criança aparece enforcada numa torre. Tudo como forma de estratégia para que Vassili revele a sua posição, pois este dava valor ao contributo da criança na guerra, apesar de ter sido um opositor em usar um inocente como recurso para atingir um fim. No seguimento disto, a mãe de Sacha, uma habitante local que fornece abrigo a soldados russos, percebe que algo se passou com o seu filho. Danilov e Tania (Rachel Weisz) mentem ao afirmar que Sacha juntou-se ao lado alemão e que continua vivo. Ambos levam a senhora para um barco para poder fugir da cidade. E o imprevisível acontece. No meio de toda aquela correria para alcançar o barco, os três trocam umas palavras quando são atingidos por uma bomba. Tania fica ferida, e a mãe de Sacha leva-a consigo no barco com a desculpa que é sua filha.

Tania, que é uma soldada russa, está apaixonada pelo herói desta história, e antes do incidente que descrevi, os dois envolvem-se amorosamente numa das cenas mais sensuais que já vi, ainda por cima tendo em conta o local onde se encontram. Este amor é totalmente secundário neste filme, mas não é desnecessário. Vassili, que não concorda com a campanha que estão a fazer, pois entende que sua imagem está a ser elevada a algo que ele próprio não reconhece, ainda tem que lidar com a hipotética hipótese de perder o seu amor durante a guerra. Tudo está nas mãos nele, e num ápice pode perder tudo.


A personagem de Joseph Fiennes é bastante relevante, já que se torna a peça fundamental para que Vassili triunfe no final. Não vou descrever o momento em si, pois foi tão surpreendente que fiquei de boca aberta.


Por fim, "Enemy at the Gates" consegue ser bem melhor do que algumas narrativas sobre o mesmo período histórico. Não existem momentos mortos, e mesmo as instâncias fora do contexto da guerra são bem "iluminadas" por uma excelente cinematografia. Os atores evidenciam prestações sólidas ao colocar as suas personagens em vários níveis emocionais. Este filme para mim não é um duelo entre dois protagonistas, mas sim um jogo de xadrez onde todas as personagens são importantes para o desfecho final. Infelizmente os lucros alcançados não foram os desejados, mas para mim este será um filme memorável e que deve ser visto por todos.

Diogo Ribeiro

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