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Forgetting Sarah Marshall: Melhor do que Aparenta


Peter Bretter (Jason Segel) é um músico para uma série criminosa popular, onde a sua namorada, a famosa Sarah Marshall (Kristen Bell), é a protagonista. Quando ela acaba com ele, Peter entra numa espiral depressiva, tendo casos de uma só noite e a chorar por todos os cantos. Peter acaba por ir de férias ao Havai, para a esquecer. Pequeno problema: ela também está lá, com um novo namorado.


É esta a premissa de Forgetting Sarah Marshall, uma comédia romântica escrita e protagonizada por Segel, de 2008. O filme é baseado no historial de namoros e separações do autor, condensado numa só narrativa. Judd Apatow, de The 40-Year Old Virgin, também esteve involvido na produção.


Sou sincero, comédias românticas não costumam ser aquilo que procuro. Costumam ser repetitivas, ou com um humor falso e dependente de clichês, com um foco numa história banal de amor. Alguém gosta de outra pessoa, essa tem outro pretendente, assim por diante. Não há exatamente uma evolução ou profundidade nas personagens para além de “o amor sobrepõe-se a tudo”, ou algo do género. É entediante.


Da primeira vez que vi o filme, foi esse o meu pensamento. Quando revi Forgetting Sarah Marshall, porém, apercebi-me que talvez fui demasiado duro. O humor não é mau, e a edição foi cuidadosamente trabalhada para que as piadas tenham o impacto máximo. É um humor rápido e incisivo, não demasiado grotesco, e não consome as personagens numa tentativa de agradar ao público.


Por falar nas personagens, também não me lembrava do quão humanas elas são. Os quatro participantes principais do enredo amoroso têm todos falhas que os humanizam. Peter é o protagonista, e é suposto torcermos por ele, mas vemos ao longo da obra as razões que levam Sarah a terminar a relação. Aldous Snow (Russell Brand) é um playboy e tem todos os sinais de ser um autêntico narcisista, mas acaba por ser uma das pessoas mais abertas e simpáticas do filme. Numa obra sobre relacionamentos e como eles terminam, há o esforço para não demonizar uma pessoa em prol de outra, para retratar o quão complexo o coração realmente é.


Forgetting Sarah Marshall não é uma obra de arte, longe disso. Sim, tem uma cinematografia bela, mas não é exatamente revolucionária. A câmara assume uma função estritamente prática, sem grandes decisões incríveis e fora da caixa. A edição e a montagem são onde o filme brilha, como já referi, para efeitos de comédia e de pacing. Faz-me lembrar um bocado Family Guy, com os seus cutaways. Claro que, ao contrário dessa série de animação, Forgetting Sarah Marshall não se mantem nessa cena durante muito tempo, preferindo não deixar que esses momentos se apoderem do filme e da narrativa coesa que tem.


Não é de Óscares, ou o pináculo da arte moderna. Forgetting Sarah Marshall é, pura e simplesmente, um bom filme. Pelo menos é melhor que a maior parte das comédias românticas que conheço. Tem uma narrativa que cativa, personagens humanas e pelas quais sentimos afeição, e um sentido de humor que, mesmo que não acerte sempre, consegue sempre entreter. É uma obra para ver num domingo à tarde, na televisão, para esquecer os problemas durante um bocado. Nada mais.


Filipe Melo

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