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Grinch: Mensagens de Natal Intemporais



How The Grinch Stole Christmas é um filme baseado num clássico literário, com o mesmo nome, de Dr. Seuss, e que foi publicado no ano de 1957, mas que ainda assim é essencial para todas as gerações. Sinto que não vale a pena mergulhar numa descrição pormenorizada do argumento, pois acredito que quase todos conhecem a história. Todavia, para aqueles que ainda não viram esta adaptação, devem ter em conta que Grinch é uma personagem que odeia o natal devido a um trauma que marcou a sua infância. Esse acontecimento mudou completamente a sua vida ao ponto de se isolar numa caverna nos arredores da cidade “Who-Ville”, e durante muitos anos nunca festejou o natal. Mas um dia conhece Cindy Lou, uma menina que acredita em duas coisas muito importantes: que todos devem ter um natal feliz, e que a época natalícia vai muito para além das prendas. Cindy é a única catalisadora que vai mudar completamente a perceção de Grinch acerca do natal, e que no fim ainda consegue alterar o estigma que a população possui acerca do próprio, pois ele é uma espécie de tabu para a comunidade. O ato de mencionar o nome do protagonista gera logo confusão e pânico para quem ouve, visto que é um símbolo de azar.


A missão de Ron Howard (o realizador) era tornar um clássico de natal num filme grandioso e não poupou nenhum esforço para cumprir esse objetivo. Em primeiro lugar, a direção de arte merece todos os elogios pela excelente construção de “Who-Ville”, que percebemos logo à primeira vista que é muito colorida, bem iluminada e com um caos ordenado. No fundo, resultou numa cidade tirada de um conto de fadas, com personagens excêntricas, caraterizações bastante decoradas de maquilhagem e um desenho geral pesado, que parece que nos coloca numa obra de animação. Sem esquecer a caverna de Grinch que possui traços sombrios, repleta de sucata e lixo, em que toda a desorganização parece estar colocada no sítio certo de forma muito criativa, ou seja, este local é tão pesado como a vila, só que graficamente é mais escuro e medonho. É de louvar a forma como Ron Howard aborda esta adaptação com tanta facilidade, fazendo um balanço entre comédia e terror, sem se esquecer de atingir o público infantil e ao mesmo tempo sem retirar a essência da obra original.


O argumento salta entre transmitir um conto minimamente assustador para o espelhar de reflexões a respeito do significado da data, nomeadamente direcionado ao aspeto crítico face ao consumismo, algo que é um motivo pelo qual Grinch detesta o natal.


Neste universo, as atenções centram-se obviamente no Grinch, e isso é a mesma coisa que dizer na prestação de Jim Carrey, que não perde nenhuma oportunidade para usar as suas expressões faciais exageradas, algo que é um feito debaixo de toda aquela maquilhagem. O ator passou por inúmeros desconfortos durante as filmagens, como o uso da “pele” da personagem, a pesada aplicação de prótese + maquilhagem que levava horas para ser completada, e as terríveis lentes de contato amarelas, que o próprio não conseguia usar por muito tempo, de modo que uma parte das cenas onde os seus olhos são focados, a coloração foi feita digitalmente. Nos closes, porém, ele fez questão de utilizar as lentes, para dar maior realismo ao frame. Jim Carrey fez com que o filme seja sobre os seus movimentos, expressões e vozes dinâmicas. Uma prestação brilhante que lhe garantiu a nomeação ao globo de ouro de melhor ator.


Vencedor justo do óscar de melhor maquilhagem e nomeado a duas categorias técnicas, “Grinch” é um filme muito incomum de natal, distanciando-se das longa metragens natalícias em muitos sentidos. Isto porque não deixa de abordar um lado mais obscuro que se vive ao redor de qualquer comunidade, abrindo a possibilidade de redenção e mudança de qualquer um que queira mudar. Na minha ótica, é um filme engenhoso e estratégico para a conversão de alguém que não gosta do natal. É uma obra cinematográfica para miúdos e graúdos, que cumpre o propósito de garantir um divertimento natalício, graças ao espetáculo de Jim Carrey, visto que Grinch serviu-lhe que nem uma luva, num casamento perfeito entre ator e personagem. Acima de tudo, “How the Grinch Stole Christmas” é uma montanha russa de aventuras, quedas, surpresas, sustos inocentes, com uma decoração de bom gosto implementada num cenário deliciosamente apelativo como é o de toda a maquilhagem e cinematografia. Claro que não deixa de ser irónico estarmos perante uma sátira ao consumismo e a um alerta sobre valores que se devem sobrepor ao materialismo da quadra, fatores esses que estão colocados numa obra que é um exemplo claro dessa tal corrida ao lucro. Resumindo, o filme é um clássico de natal que quer se ame ou odeie, deixou uma marca no espectador pelas mensagens que transmite, que serão recordadas por muitas gerações, graças a um trabalho grandioso durante a produção do filme que estava às portas do século XXI.

Diogo Ribeiro

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