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Gru, O Maldisposto: Análise à Trilogia



Surge o momento de abordar a trilogia de “Gru: o Maldisposto”. Os três filmes acompanham-nos desde 2010, e até hoje são capazes de arrecadar muitos risos do público. Isto é tão verdade, que foi produzido um filme apenas e só dedicado aos minions, com uma sequela prevista inclusivamente. Mas deixamos de parte a prequela para outra altura, e foquemo-nos no original e nas suas continuações.


O primeiro filme obteve um enorme sucesso. Tanto que a partir daí, as sequelas foram capazes de conquistar mais espectadores, aumentando as receitas. O segundo quase que duplicou o lucro do primeiro, e o terceiro ultrapassou a barreira de um bilião de dólares. O segredo que permitiu conquistar cada vez mais pessoas não se baseia apenas em criar personagens memoráveis. Algo que dou valor é a construção e o enriquecer dessas personagens ao longo dos filmes. Tudo começa com Gru, um vilão que ambiciona realizar roubos cada vez mais extraordinários. Inicialmente, apenas pensa nesse propósito, tanto que toma a decisão de adotar três crianças, que serão vitais numa das fases do seu plano. Já seria mau o suficiente adotar três crianças que fossem importantes para todos os momentos do seu plano, quanto mais apenas para um momento em específico. Todavia, o protagonista afeiçoa-se a pouco e pouco às três meninas: Margo, Edith e Agnes, enquanto que, o Doutor Nefario, o seu ajudante, não partilha o mesmo sentimento e influencia Gru a focar-se no plano. Logo aqui, temos um dos tais pontos que enriquecem a trilogia, a ligação entre Gru e as meninas, que vai aumentando ao longo dos filmes. Algo que também é comum, é a presença de outros vilões, com os quais Gru tem de lidar e superar. Neste temos Victor, um jovem e promissor vilão que roubou as pirâmides do Egipto, e que rapidamente superou Gru, logo nas primeiras instâncias do filme. Ao contrário de Gru, Victor tem o apoio do banco, pois o dono do mesmo é o pai dele. No fundo, não é um vilão memorável, pois não possui nenhum background explorado, e tudo o que faz é possível devido aos fundos monetários que facilmente conquista. No entanto, a conciliação que Gru deve arquitetar entre o roubo que planeia e o tempo que dedica às filhas que adotou é o principal motor do filme. Obviamente que após visualizar este filme, percebi que uma sequela iria surgir rapidamente, até porque como disse anteriormente, a relação entre Gru e as crianças não aumenta exponencialmente, mas sim gradualmente, abrindo espaço para que os próximos filmes permitam aprofundar essa relação. Assim, se tivesse de descrever esta longa metragem de animação numa palavra seria: equilíbrio. A razão dessa escolha foca-se no facto de o filme abrir portas para outras continuações de uma forma gradual e estável. No fundo, esta primeira história foi um sucesso a vários níveis.




Como repararam, não mencionei os minions na análise do original. Isto porque considero que é neste filme que possuem principal destaque. No primeiro, esses seres amarelos são apresentados ao público, mas no segundo são vitais para o decorrer da história. A meu ver, esta continuação é superior ao seu antecessor. Para além de manter os alicerces do primeiro, ainda é capaz de construir e de enriquecer para além desses alicerces. Mas o ponto que claramente foi superior baseia-se no vilão. El Macho, ao contrário do vilão anterior, possui uma história bem sólida ao ponto de ter conseguido fingir a sua morte. Depois, tem um plano bem delineado e que executa com as próprias mãos. Para atingir o seu propósito, decide raptar os minions de Gru, para criar uma raça mutante. Isto permite ver os minions numa versão diferente, mas apesar de serem mais agressivos, continuam a proporcionar muitos risos. Ao mesmo tempo, Gru é contratado para intercetar o vilão, e tem a ajuda de Lucy. Tal como a relação de Gru com as crianças durante o primeiro filme é gradualmente enriquecida e mais íntima, a relação que estabelece com Lucy também segue os mesmos padrões, isto dentro da vertente amorosa. Ou seja, temos um filme que caminha no mesmo traçado deixado pelo primeiro, e consegue ampliar algumas vias do argumento que são necessárias e inteligentes, para que haja razões sólidas para se produzir um terceiro filme.




O último filme até ao momento ficou um bocado aquém das expectativas na minha ótica. Neste, o vilão é uma mistura dos pontos fortes do segundo, com os pontos fracos do primeiro. Por outras palavras, Balthazar Bratt, possui razões sólidas e consistentes que lhe conduzem a inventar um plano com objetivos justificáveis. Todavia, contrariamente a El Macho, não oferece tanta dificuldade na batalha final. Neste filme, Gru conhece o seu irmão gémeo, que é totalmente diferente de si a nível de personalidade, e que possui o sonho de ser um grande vilão. O filme flui através destas premissas, mas algumas, principalmente a do irmão, parece que caíram do céu apenas para justificar a construção de um novo filme. Não se torna um filme mau porque garante o entretenimento, mas percebe-se facilmente que não tenha sido nomeado ao óscar de melhor filme de animação, contrariamente ao seu antecessor.

No fundo, uma trilogia interessante de analisar, com principal foco de qualidade no segundo filme, o que é sempre surpreendente. Claro que foi possível criar uma grande sequela, porque o original permitiu oferecer caraterísticas inovadoras que oferecem espaço para construir algo mais. Infelizmente, o terceiro filme não aproveitou essa oportunidade e apenas garantiu um entretenimento fácil.




Diogo Ribeiro

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