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Idade do Gelo: Análise à Saga



A saga de filmes da Idade do Gelo tem preenchido os grandes ecrãs desde 2002, e conta já com cinco filmes repletos de comédia. As aventuras de Manny, Sid, Diego e Scrat vão ser hoje motivo de análise. De uma forma geral, temos mais uma saga na qual o original sobressai com distinção, com algumas continuações a seguirem a fórmula do primeiro. Todavia, também esta saga possui um momento em que a produção dos filmes deveria ser estagnada. Passemos assim ao escrutínio de cada longa metragem.


Quando um filme de animação tem muito sucesso a nível mundial, e quando existem ferramentas para criar argumentos, é natural produzir continuações. Independentemente do número de continuações, tudo se deve ao êxito do primeiro. Neste âmbito, existem diversos pontos que permitiram conquistar o olhar do público. Em primeiro lugar, todas as catástrofes que marcam cada um dos filmes, são consequência de um esquilo, Scrat, que procura sempre o lugar ideal para enterrar a sua bolota. Esta personagem, apesar de não falar, e de não interagir diretamente com as personagens, torna-se o principal motor do filme, e revela-se como uma das principais atrações de cada história. Em segundo lugar, creio que quando um grupo, neste caso de animais, que se reveste de dinâmica apesar das suas diferenças, permite ao espectador conceber uma afinidade, quer com o grupo, quer com uma personagem específica do grupo. Ou seja, um grupo de animais da mesma espécie com ambições e caraterísticas semelhantes, não seria tão chamativo e envolvente. Inicialmente, os protagonistas encontram-se separados. Manny, o mamute, não pertence a uma manada e faz o seu caminho sozinho. Sid, a preguiça, percebe que a sua família o abandonou. Diego, por sua vez, pertence a uma matilha de tigres de dente-de-sabre, e cumpre ordens de Soto, o vilão do filme. Manny e Sid tornam-se amigos inicialmente, e um bebé é o elo da dupla com Diego, que deseja levar a criança para junto da matilha. A aventura prossegue a partir daí, em que valores como a amizade e confiança se elevam. Uma banda sonora incrível acompanha o trajeto dos três companheiros, até ao momento final em que percebem que constituem uma manada, que apesar de pequena e aleatória, conseguem confiar uns nos outros, isto com a revelação de Diego que demonstrou o bom lado que tem. Um filme muito bem construído a todos os níveis, que abriu portas para novas histórias.

Classificação: 8/10 (7,5 no IMDb)


Idade do Gelo 2: Descongelados, explora novas caraterísticas de dois protagonistas. Diego demonstra que tem medo da água, e percebe-se que ao longo do filme terá de enfrentar esse receio. Manny, que após revelar no primeiro filme a perda da acompanhante e do seu filho para os humanos, sente-se sozinho por perceber que pode ser o último da sua espécie. Numa situação de degelo glaciar, o grupo deve percorrer caminho para fugir de uma situação crítica. Durante a jornada, conhecem dois gambás, Crash e Eddie, e uma mamute chamada Ellie que acredita que é uma gambá. A partir daí, Manny tenta conquistá-la ao mesmo que tempo que se esforça para lhe explicar que é um mamute. Os dois gambás, juntamente com Sid, enriquecem o filme de comédia, enquanto os restantes são as personagens que mais evoluem. No fundo, este filme fica um bocado aquém das expectativas face ao primeiro. Não nos é exibido cenas de caráter muito emocional, algo que no primeiro é imagem de marca. Refiro-me a momentos como: quando a mãe da criança morre, o momento de partilha de Manny acerca do seu trauma, e a despedida final do grupo com o bebé. Todavia, a comédia garante muito entretenimento para os mais jovens.

Classificação: 7/10 (6,8 no IMDb)

O terceiro filme da saga coloca o grupo no subsolo onde os dinossauros vivem. Antes disso, Diego começa a perder a sua garra, e toma a decisão de abandonar o grupo. Sid, que sente que está colocado de parte, quer porque Diego abandonou a manada, e quer porque Manny e Ellie estão à espera de um filho, decide cuidar de três ovos de dinossauro como se fossem filhos dele. Derivado disso, a mãe dinossauro leva os ovos e Sid para o mundo jurássico. Assim começa a nova aventura do grupo com o propósito de salvar Sid. Diego acaba por se juntar, e no fim percebe que a vida repleta de aventuras que ambiciona só é possível com o grupo. Nesta longa-metragem é nos apresentado uma das personagens mais engraçadas da história da animação, Buck, que é o anfitrião do grupo, com o objetivo de os ajudar a cumprir o plano de salvamento. Buck reveste-se de uma aleatoriedade tremenda, com falas extremamente engraçadas que são tão marcantes, que ainda estão decoradas no meu caudal de pensamento. Esta continuação conseguiu superar a anterior, mas ainda se encontra uns níveis abaixo do original, e se não criassem mais filmes, teríamos aqui um bom final para uma boa trilogia.

Classificação: 7/10 (6,9 no IMDb)

A partir daqui o quarto e quinto filme são desnecessários. No segundo filme, surgiu a necessidade de alargar o grupo, algo que é feito de forma inteligente, pois permitiu aprofundar os protagonistas. E estas duas últimas continuações prendem-se à mesma premissa, mas não acrescentam quase nada aquilo que é o enriquecer das personagens envolventes. Em Idade do Gelo 4: A Deriva Continental, a filha de Manny cresceu, e durante o tempo de tela percebe o valor da amizade, algo que já vimos no original. O grupo original fica separado das mamutes fêmeas e dos gambás, e enquanto descobrem o caminho para casa, são intercetados por um grupo de piratas comandados pelo capitão Gutt. Não é justo dizer que os antagonistas são irrelevantes, até porque Diego cria uma afinidade com Shira, mas o facto de terem aparecido do nada sem algum tipo de contexto e de enquadramento, enaltece que não existiu um esforço máximo por parte dos produtores para criar uma história ao nível dos anteriores. Outro facto caído do céu, é o aparecimento da avó de Sid, e digo isto porque demorou três filmes para que ela regressasse. No fundo, temos um filme que garante um certo grau de entretenimento, mas que fica por aí, pois carece de momentos de aprendizagens para as personagens.

Classificação: 5/10 (6,6 no IMDb)

Em relação ao último filme desta saga, Idade do Gelo: O Big Bang, os críticos, e com muita razão, criticaram negativamente o enredo desta longa metragem, defendendo que existe uma escassez enorme de originalidade no humor e no desenvolvimento das personagens. Para mim existem apenas dois aspetos positivos: o regresso de Buck, que permite depositar um pouco de aleatoriedade no filme, e o facto de existirem alguns factos científicos acerca de cometas, eletromagnetismo e planetas, que são muito claros de apreender para o público mais novo. O resto das caraterísticas deste filme são abaixo de aceitáveis. Não vejo a necessidade de Manny ter de lidar com mais um desafio, que neste caso é aceitar o namorado da sua filha. Na minha ótica, Manny inicia o quarto e quinto filme como uma personagem algo imatura, que deve crescer e aprender novas coisas. Sinceramente, acho que isso não faz sentido, pois durante os primeiros três filmes foi capaz de atingir um estado de espírito repleto de plenitude. Esta saga assemelha-se a uma novela, e este filme vem reforçar essa minha ideia, isto porque Sid, o único solteiro do grupo, tem direito também a uma parceira. Subliminarmente, a mensagem que estas continuações querem transmitir é que parece que tudo está bem quando se encontra a cara metade. Óbvio que o grupo tem de percorrer um caminho para resolver um problema, tal como aconteceu nos anteriores, mas isso torna-se totalmente terciário.

Classificação: 3/10 (5,7 no IMDb)

Em suma, sou defensor que a produção dos filmes deveria ter parado no final do terceiro, pois esse é o único das continuações que melhor forneceu um final sólido para uma história repleta de aventuras. Há rumores sobre a realização de um sexto filme, e caso se confirme essa situação, espero que seja capaz de ofuscar as duas últimas continuações. Para terminar deixo aqui uma imagem dos momentos finais do terceiro, que transparece o conceito de família, que sempre foi a principal força desde o original até ao terceiro filme.

Classificação da Saga: 6,5/10


Diogo Ribeiro

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