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Imperium: Quando as Palavras nos Provocam Ansiedade



Para quem ainda vê Daniel Radcliffe apenas como o Harry Potter, tem aqui um filme no qual o ator desprende-se totalmente do mediatismo do jovem bruxo, mostrando grandes capacidades de atuação. Para além da escolha do ator, outro fator que estimula o espectador a escolher este filme, é a presença de uma história baseada em factos reais, repleta de ação e alguma violência.


Imperium coloca Daniel Radcliffe no papel de Nate Foster, um solitário agente do FBI que sonha em ter o seu trabalho reconhecido pelos que o rodeiam. A oportunidade da sua vida surge quando a agente Zamparo (Toni Collete) lhe oferece a possibilidade de trabalhar como um agente infiltrado num grupo neo-nazista, a fim de descobrir planos terroristas que coloquem em perigo vidas de inocentes. A primeira parte do filme é basicamente a adaptação do protagonista ao trabalho que terá de exercer no “campo”. Nate, que no início demonstra insegurança e dificuldade em comunicar com os colegas, rapidamente enverga determinação, controlo das emoções, alguma manipulação, e estabilidade. No fundo, caraterísticas chave no cumprimento da sua missão. Já para não falar da transformação física presente que também ajuda a completar o papel de infiltrado. Mas esta alteração de comportamento rapidamente notória aquando a visualização do filme, só foi possível pela fantástica performance do ator, que com um olhar vago permite produzir um suspense agudo e um medo tocante, numa criação de uma personagem única.


No decorrer do filme, Nate conhece os hábitos do grupo extremista sempre dentro de um ambiente urbano e underground, com foco principal em inserir o protagonista num meio fora do normal, onde os membros dos grupos vivem de acordo com os seus ideais deturpados, sempre com uma transmissão de ódio constante. Daniel Radcliffe consegue espelhar uma vibração com tons ameaçadores, o que conjuga muito bem com o clima produzido ao longo do filme.


O protagonista, por diversas ocasiões, é confrontado com momentos que podem despir a sua camuflagem, com diversas insinuações por parte dos extremistas, e com situações que os próprios provocam durante as rotinas do grupo. Nate acaba por ter algumas dificuldades em desvendar algo palpável para ser motivo de detenção de certos indivíduos neo-nazis. Num encontro com Dallas Wolf, um apresentador carismático e marcante para os extremistas, Nate percebe que Dallas não quer concretizar as suas palavras em atos terroristas, e quase que desiste de investigar mais a fundo. Uma personagem que se constrói ao longo do filme, sempre em mutação com as peripécias da história.


Um filme muito consistente, que aborda a temática extremista numa vertente não tão abrangente, mas que ainda assim consegue colocar em análise certas reflexões. A transformação física e psicológica enaltecem uma construção da personagem principal bastante detalhada de forma impecável, sempre com os holofotes direcionados no ator principal. No final, com tudo conjugado, a palavra que sobressai do meu caudal de pensamento é: potencial. Isto porque, a abordagem ao argumento do filme, bem como as capacidades do ator, são na realidade fatores que conquistam e que vão colando os olhares do público ao ecrã a pouco e pouco, deixando-nos sempre naquela ansiedade do que vai acontecer.


Diogo Ribeiro

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