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Inception: Uma das obras de arte deste século


O filme escolhido pelos seguidores do Instagram da filmografia de Christopher Nolan foi “Inception”. Todos devem saber que o elenco é repleto de atores muito conhecidos como: Leonardo Dicaprio, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Ellen Page, Tom Hardy, Michael Caine, entre outros. E escusado será dizer que foi um sucesso de bilheteiras, talvez a presença de Michael Caine seja de facto o amuleto da sorte do realizador, pois em todos os filmes em que o ator aparece o sucesso foi garantido. Claro que isto pode ser apenas uma coincidência, mas não deixa de ser curioso. Outro facto de peso foram as oito nomeações que este filme recebeu, e arrecadou a estatueta dourada nas categorias técnicas: Edição de Som, Mixagem de Som, Melhor Fotografia e Efeitos Visuais. Poderia descrever ao pormenor as fantásticas sequências de imagens, transições, paisagens, cenários e o uso inteligente dos efeitos visuais, mas de facto os prémios ganhos falam por si. Logo, este filme possui como ponto forte a imagem e o som, colocando-se na esfera máxima de caraterização visual e sonora, juntamente com outros grandes filmes da indústria do cinema.


O objetivo da narrativa do filme é descobrir grandes segredos sepultados no subconsciente de pessoas através de sonhos. Para extrair esses segredos, os “extratores” devem também estar a dormir, e dentro do sonho da pessoa que possui o segredo a desvendar. Todavia, são esses “extratores” que constroem os pontos de acesso e os caminhos, a pessoa apenas preenche os seus sonhos com elementos familiares. É neste ramo que Cobb (Leonardo Dicaprio) e Arthur (Joseph Gordon-Levitt) trabalham. Neste seguimento, tudo muda quando o plano em vez de ser desvendar algo, é implantar uma ideia. “What is the most resilient parasite? Bacteria? A virus? An intestinal worm? An idea. Resilient... highly contagious. Once an idea has taken hold of the brain it's almost impossible to eradicate. An idea that is fully formed - fully understood - that sticks; right in there somewhere.” O propósito é fazer com que o filho do dono de uma empresa energética, tenha a ideia de destruir o império do pai, que está perto de morrer, para que essa empresa não seja a única a dominar o setor das energias. Se esta tarefa for bem sucedida, Cobb é livre das condenações de assassinato que possui, e pode voltar a casa para ver os seus filhos novamente. Até aqui temos um argumento bem original e enriquecido. Mas o realizador acrescenta fantásticos toques nas suas histórias. Nesta, o protagonista, Cobb, possui os seus fantasmas do passado que habitam no seu subconsciente, e é neste mundo da imaginação que esses traumas vivem, e que podem colocar em causa toda a operação. Christopher Nolan dificulta o que por si já é difícil, e deixa o espectador “pregado” à cadeira enquanto o suspense começa a imperar no final. E para além disso, ainda deixa a mítica pergunta no ar: “o peão caiu ou continuou a rodar?”. Esse peão é o objeto que Cobb possui para lhe indicar se está num sonho ou no mundo real. Se o peão cair, ele está na realidade, se o peão continua a girar, ele encontra-se num sonho.


A meu ver, a principal antagonista desta história é Mal Cobb, a projeção feita por Cobb da sua falecida esposa, que é presença constante nos seus sonhos. No fundo, essa projeção representa a culpa que o protagonista sente face ao suicídio da sua esposa verdadeira. Cobb é incapaz de a controlar, o que afeta as tais extrações. Mas o que a levou ao suicídio? Cobb e a sua mulher viveram muitos anos no limbo, um mundo de sonhos não construídos (o tempo funciona de forma diferente dentro dos sonhos, um segundo no mundo dos acordados significa cinco minutos na primeira camada dos sonhos, duas horas na segunda e assim sucessivamente). Quantas camadas um sonho pode ter? Talvez duas, talvez cinquenta, no caso do casal foram imensas para viveram anos na camada mais profunda, na qual podem construir tudo à sua maneira. Cobb acabou por plantar uma ideia na sua esposa para que ela acordasse e voltasse ao mundo real, mas Mal ficou convencida que ainda estava a sonhar e cometeu suicídio (já agora, a morte dentro de um sonho permite à pessoa acordar do mesmo). Antes disso tentou persuadir Cobb a fazer o mesmo, só que este não a acompanhou e fugiu dos EUA e das acusações.

A nível de argumento e originalidade é das melhores histórias que tive o privilégio de ver. Nunca vi algo deste calibre. De facto, Christopher Nolan é um mago da 7ª arte, e cada filme dele é dinheiro bem investido num cinema. É daqueles filmes que valem a pena ver a todos os níveis no grande ecrã, é por estes filmes que uma pessoa sai de casa para ir ao cinema e ter as melhores horas de entretenimento possível. Tudo neste filme conquista, a parte técnica é perfeita, e no final ainda vamos para casa a pensar. E mesmo após rever o filme vezes sem conta, a questão acerca do peão emerge sempre no caudal de pensamento. Ao rever pela segunda, terceira, quarta vez, novos pormenores saltam à vista, mas a pergunta final aparece sempre, pois de facto não há nenhuma resposta errada, cada um tem a sua interpretação. Fico arrepiado ao escrever isto, porque ao mesmo recordo-me da fantástica música composta por Hans Zimmer: “Time” que acompanha a sequência final. Um final que é a cereja no topo do bolo, e que para mim compõe este filme como uma das obras de arte cinematográficas do século XXI.

Diogo Ribeiro

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