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Klaus: “A true selfless act always sparks another”



Existem tantos filmes de natal que nos aquecem o coração e que fazemos questão de os ver todos os anos. Filmes clássicos, ou de animação, ou histórias mais simples repletas de comédia, são os petiscos favoritos dos espectadores nesta quadra. Certamente que algumas pessoas possuem o seu filme natalício favorito. Eu sou uma delas, e o meu filme predileto é o que vou analisar hoje: “Klaus” de Sergio Pablos, que foi lançado na plataforma Netflix no ano passado. Uma obra de sucesso que até mereceu a nomeação ao óscar de melhor filme de animação, perdendo a estatueta para “Toy Story 4”.


A história é bastante simples, caso seja interpretada apenas de forma crua. O filme segue um aprendiz de carteiro muito mimado e preguiçoso. O seu pai, chefe do correio, cansado de ver o filho na zona de conforto, faz-lhe um ultimato: ou ele vai para cidade, praticamente esquecida, com o propósito de instalar um posto de correios que ao fim de um ano tem de entregar 6000 cartas, ou perderá o seu direito à herança. Quando chega ao local, Jesper, o protagonista, percebe que a cidade vive num conflito enorme. Os clãs Krum e Ellingboes enfrentam-se diariamente, uma briga que dura há um século. É nesta base que a história se assenta para depois crescer em dimensões bastante originais. Existem vários fatores positivos que emergem dos alicerces do filme como por exemplo o desenvolvimento e contexto de todas as personagens principais. Mas algo que de facto é brilhante e que é a principal mecânica que permite conquistar rapidamente o espectador, baseia-se na construção da origem de todos os elementos que conhecemos relacionados com natal, até com a própria lenda do pai natal. Elementos pequenos como: as renas, a árvore de natal, as meias na lareira, tudo isso tem um ponto de início, e sempre que cada elemento é apresentado durante o filme é muito fácil aceitar a explicação dada por esta ser muito lógica.


A técnica de animação é outra arma presente na longa metragem, que basicamente distancia-se da computação gráfica em 3D, focando-se em texturas e iluminações que realmente tiram “Klaus” do lugar-comum de grande parte das obras 2D e oferecem personagens de traços lindamente caricatos, mas cada um com pesos e movimentações próprias, além de paisagens reagentes ao primeiro plano como há muito tempo não se via. Aliás, o diretor é bastante experiente na área, pois tem no currículo a participação em alguns clássicos como o Corcunda de Notre-Dame e Hércules, filmes de uma época onde o 3D ainda não era soberano. Em Klaus, Sergio Pablos mistura técnicas de animações tradicionais e modernas. Os traços de desenhos à mão estão ali com personagens caricatas e tudo o que o bom e velho 2D ainda tem a oferecer.

Algo que gosto de enaltecer neste filme é a estética da cidade, que transparece a impressão de ter vida própria, inicialmente preenchida de elementos depressivos, tristes e desagradáveis, ganhando tons alegres à medida que os protagonistas começam a lidar com os problemas pessoais. No fundo, o espaço cresce diretamente com o enriquecer da narrativa. Tudo nesta grande obra cinematográfica está interligado.


Na minha ótica foi a melhor animação de 2019 a todos os níveis: por contar uma história conhecida de uma maneira nunca antes descrita, pelo risco de regressar ao passado na parte técnica, conseguindo obter resultados com relevo nesses campos, e por ser capaz de espelhar com distinção a seguinte moral que é a melhor transcrição do filme:

“A true selfless act always sparks another"

Diogo Ribeiro

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