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Krampus: Horror Natalício


Com o Natal a chegar, a família de Max (Emjay Anthony) prepara-se para receber toda a família para passar o feriado. Toda a família tem as suas picardias e disputas: Sarah (Toni Collette) é uma perfeccionista controladora, enquanto que a sua irmã, Linda (Allison Tolman), é algo mais despreocupada e incapaz de dizer não. Tom (Adam Scott) e Howard (David Koechner), os respetivos maridos, não se dão, com Howard a rebaixar Tom frequentemente. Numa noite, durante um jantar particularmente mau, Max corre para o seu quarto e perde todo o espírito natalício.


No dia seguinte, numa tempestade de neve, a sua irmã desaparece. Assim começa a luta pela sobrevivência desta família, contra um espírito maligno que os quer levar a todos.

Krampus é uma mistura de comédia e horror, no raro subgênero de horror natalício. O filme tem como diretor Michael Dougherty, e um elenco variado oriundo dos mundos da comédia e do horror. É relativamente curto, apenas uma hora e meia de duração, mas desempenha bem o seu trabalho como filme de Natal diferente.

Tradicionalmente, o cinema natalício gira à volta das temáticas da família e solidariedade, com uma narrativa relativamente simples: uma família unida ultrapassa as dificuldades que têm juntamente, aprendem uma lição sobre como a família é o mais importante, e assim por diante. Normalmente, é algo lamechas. Krampus decide levar essa narrativa noutro sentido.


É estabelecido que a família de Max é, geralmente, horrível, sem grandes razões para torcermos por eles. Porém, à medida que o filme avança, vemos características mais heroicas em cada um deles, tornando-se mais unidos e lutando juntos contra o horror que enfrentam. É uma exaltação do valor da família não através da bondade inerente a cada um, mas sim pelo desejo de protegermos aqueles que nos são queridos, apesar de tudo.


Os monstros estão bem feitos. A maioria utiliza efeitos práticos, como bonecos de porcelana e brinquedos, de forma a enquadrá-los na temática natalícia. Se tivessem utilizado efeitos gerado por computador, teria ficado horrível.


Por falar em monstros, o Krampus é genuinamente arrepiante, especialmente a cara. É uma cara humana, mas tem um aspeto ligeiramente errado, como se tivesse sido retirado ao verdadeiro Pai Natal. A maneira lenta como se mexe, as correntes e os guizos só enaltecem a presença desconcertante do monstro mítico.


Por outro lado, há muitas oportunidades desperdiçadas no filme. A saída da irmã de Max do início do filme parece ser um desperdício de personagem, dado a relação interessante que ela e Max pareciam ter. Os bonecos de neve arrepiantes são outro exemplo, dado que não estão muito presentes na obra. É implícito que representam as vítimas que Krampus e os seus aliados capturam ao longo do filme, mas nada interessante surge disso. O filme também problemas de tonalidade: comédia e horror não costumam existir no mesmo filme, e Krampus tem o hábito de pôr os dois gêneros na mesma cena, retirando algum poder. Talvez um menor foco na comédia teria ajudado a manter um ambiente arrepiante que os monstros queriam transmitir.


Krampus é um bom filme, apesar de tudo. Não é uma obra revolucionária, mas tenta entreter o público com uma premissa diferente. Horror natalício é um conceito interessante, e há vários mitos natalícios que podem ser usados para esse efeito. É uma abordagem refrescante às narrativas tradicionais dos filmes de Natal, que, com alguns retoques, teria sido um filme ainda melhor.


Filipe Melo

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