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Melancholia: uma bela experiência



Geralmente, a ideia do apocalipse é quase sempre cativante para o espectador, mesmo que o objetivo do filme seja obter o realismo a descrever a catástrofe, ou até impedir/minorar essa tragédia. Melancolia, de Lars von Trier, utiliza essa premissa, mas eleva-a a um nível que nunca se viu.


Inicialmente é nos apresentado um mundo caótico, que aguarda por um golpe final. O foco é o próprio planeta Terra, sem invasões alienígenas. É sabido desde os primeiros minutos, que um planeta, cujo nome é o título desta obra, vai colidir com o nosso. Não há solução, nem um plano mágico para evitar o desfecho trágico que está à porta. Só aqui, temos uma onda de originalidade fantástica. O fim é certo e inevitável. O tempo até esse momento urge de uma maneira frenética.


Como o realizador já nos habituou com o estilo de divisão do filme em atos, neste não seria diferente. Este por sua vez possui apenas dois, nominalizados com os nomes das protagonistas que são irmãs: a parte I, Justine, e a parte II, Claire.


A primeira parte acompanha o casamento de Justine. Mas rapidamente se percebe que não é um casamento normal. Para começar, e derivado do rigor da sua irmã em colocar ritmo rígido no horário do casamento, toda a festividade desvanece-se. Seguidamente, é certo que existe alguma tensão entre o casal, como se algo de macabro estivesse sobre o domínio de ambos. A instabilidade de Justine começa a imperar, seja pelo conjunto de conflitos familiares, seja pelos problemas do trabalho que são levantados ao de cima durante a cerimónia. Lá no fundo, é uma festa sem existir um motivo válido de comemoração. Até atingirmos o segundo ato existe uma clara desaceleração no ritmo do filme, isto porque se evidencia uma escassez de acontecimentos novos e palpáveis.


De seguida, o casamento é colocado nas páginas do passado, e Justine entrega-se a uma depressão total. A mudança a partir deste ponto é radical, e se existiu algum cansaço proveniente do desfecho do primeiro ato, no início do segundo qualquer espectador irá despertar. Claire entra constantemente em pânico, e apenas fica tranquilizada com as palavras do marido, este que acredita que o choque dos planetas será evitado por uma tangente. A ficção científica domina, e o relevante são as relações humanas perante um fim iminente. Finalizo esta descrição afirmando que sentimentos/sensações como: medo, amor, compaixão, fantasia, desespero e conformismo, são os vértices que rodeiam a narrativa.


O início do filme e o segundo ato impressionam, pois, o relevante é a análise do comportamento humano face ao extermínio da vida. Kirsten Dunst (Justine) faz a melhor prestação da carreira, não esquecendo as atuações sólidas dos restantes atores. Não é o melhor filme do realizador, mas merece ser visto porque facilmente nos coloca nos papéis das personagens. Uma ótima experiência que nos questiona o que faríamos se o planeta tivesse uma validade conhecida.





Diogo Ribeiro

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