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O Circo das Almas: Enganando a Morte



O Halloween está a chegar e não há nada melhor para esta altura que olhar para os filmes que moldaram aquilo que cria um ambiente fantasmagórico e memorável. Em 1962, nasceu um favorito de culto de horror cuja qualidade não foi reconhecido instantaneamente, mas que, ao longo dos anos, foi sendo gradualmente valorizado, tendo realizadores como David Lynch ou George A. Romero (“A Noite dos Mortos Vivos” também é uma excelente escolha para a ocasião) referido que “O Circo das Almas” foi uma influência importante no seu estilo.


Mary Henry é uma mulher que, à boleia de amigos, vê-se envolvida num acidente de carro mortal após uma corrida irresponsável. Nenhum dos passageiros sobrevive, exceto ela, algo que de certa forma é já estranho. Ser o único sobrevivente num acidente em que várias pessoas acabaram por morrer é já um presságio de horror. Após este trauma, Mary decide mudar-se para outra cidade, deixar o resto para trás, no entanto, sem conseguir conectar-se com os restantes habitantes nem realmente conseguir funcionar de forma normal. E pior que tudo, acaba por se sentir tremendamente atraída pelo local que antes abrigava uma feira carnavalesca com as comuns atrações, típicas de festas, sem conseguir compreender o porquê deste desejo. E sempre com a sensação de que algo a persegue.


É um filme que tem todo o aspeto de um filme independente e é bastante simplista, algo fruto dos escassos recursos. Porém, consegue ser tremendamente surreal e criar ambientes fantasmagóricos de uma forma tão espetacular quanto outros filmes com orçamentos que dão um novo significado à palavra “estapafúrdio”. A cinematografia a preto e branco permite jogar brilhantemente com as sombras que podem esconder ghouls assustadores cujo olhar nos persegue constantemente, ou ser um refúgio de tudo aquilo que a irrealidade criou para nos atormentar. Consegue distorcer completamente tudo aquilo que são as bases da nossa psique, a fronteira entre a realidade e o imaginário ganha um novo significado e a simplicidade com que vemos as coisas passa a ser incompreensível. Estas imagens bizarras são estranhamente cativantes e de certa forma sedutoras e é impossível não nos sentirmos atraídos por elas da mesma forma que Mary se sente atraída pelo parque e tem a necessidade de ir lá sem realmente conseguir compreender o porquê.


Felizmente, o domínio faz parte do domínio público e por isso pode ser aproveitado de forma gratuita em: https://archive.org/details/CarnivalOfSouls_201508

Manuel Fernandes


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