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Shrek: Análise à Saga



Os filmes do Shrek revestem-se de um grande entretenimento para o público em geral, com o primeiro a estrear em 2001 e o último em 2010. Já para não falar das imensas curtas-metragens que foram lançadas, e do filme dedicado ao gato das botas.


O original foi um filme que marcou uma geração de tal maneira, que os lucros das continuações conseguiram atingir o dobro dos valores do primeiro. Para mim, este filme animado está ao nível de um Rei Leão e de um Toy Story, por várias razões. Em primeiro lugar, temos uma coletânea de personagens totalmente distintas: um burro, um ogre, uma princesa e um dragão. Contudo, apesar das suas diferenças, é criada uma dinâmica constante enquanto as mesmas partilham o tempo de tela. Não pretendo descrever a história porque é mais do que conhecida. Relembro apenas a mensagem mais importante do filme: ninguém precisa de ser perfeito para ter um final feliz, basta não escolher a pessoa mais bonita, mas sim escolher a pessoa que faz do teu mundo o mais bonito. Esta premissa é o centro do filme. Toda a ação e romance giram em torno dessa máxima, permitindo a diversidade de várias aprendizagens para o espectador, isto claro, em sincronia com a evolução das personagens ao longo do filme. Não esquecendo obviamente a comédia sempre presente, colocada com timings precisos e inteligentes, sem exageros. Aliás, os momentos engraçados tanto garantem gargalhadas para o público mais novo, como para os espectadores mais velhos. Outro ponto que coloca este filme numa das melhores animações de sempre, são os diálogos enriquecidos que nos acompanham de forma constante até ao final. Refiro-me, por exemplo, às duas conversas entre Shrek e o burro: a primeira, enquanto observam a lua e as estrelas, onde abordam a ideia de existirem pessoas que julgam outras sem as conhecerem, e a segunda localiza-se no pântano, onde discutem o valor e a importância da amizade. Não existem fraquezas neste filme, tudo é relevante e com muita qualidade. Todos os aspetos conjugam-se de forma perfeita para criar uma das melhores obras-primas da animação.




Shrek 2 surge no sentido de alargar o universo com mais personagens de diferentes contos de fadas. No original, muitas são apresentadas, mas possuem pouca importância. Neste, Shrek, juntamente com Fiona e burro, dirigem-se para “Bué Bué Longe”, onde Shrek tem de conhecer os pais de Fiona. Rapidamente se percebe que o protagonista não se vai adaptar muito bem, muito menos quando percebe que o próprio rei, o pai de Fiona, está a tentar matá-lo, com o auxílio da fada madrinha. Esta, por sua vez, pretende que o seu filho, o príncipe encantado, seja o herdeiro do trono. E só através da união de Fiona e do príncipe, é que se torna possível alcançar esse objetivo. A criação do argumento deste filme tem como objetivo depositar mais ação no filme, contrariamente ao anterior. Os diálogos intensos e as morais complexas são colocadas em segundo plano, e o que emerge são cenas de muita adrenalina, com referências a muitos filmes. Ainda assim, temos uma longa metragem bastante sólida, que mereceu com mérito a nomeação ao óscar de melhor filme de animação. Todavia, é percetível não ter arrecadado a estatueta dourada, contrariamente ao seu antecessor.




A partir daqui a saga desce um pouco de nível. Shrek o terceiro, segue as raízes do segundo, colocando as mensagens e morais, não em segundo plano, mas sim em terceiro. Claro que a história é diferente, mas parece que em certos aspetos estamos a ver uma repetição do segundo filme. Os primeiros dois filmes possuíam vilões com motivações próprias, só que neste, o príncipe encantado atua como antagonista na tentativa de finalizar o que a sua mãe iniciou. Preferia ter visto um vilão novo. Todavia, se o príncipe tivesse uma importância mais relevante no segundo filme, em vez de se comportar apenas como uma sombra de sua mãe, percebia que fosse ele o mau desta história. Considero este o principal argumento na defesa que algumas premissas deste filme são idênticas ao segundo. Recordo-me que quando vi este filme no grande ecrã não parava de rir, algo que não aconteceu com o segundo. Desta forma, a meu ver, afirmo que a comédia é ligeiramente mais notória neste do que no anterior. Não é tão inteligente como a do original, mas garante muitas gargalhadas. Algo que apreciei bastante foi o desfecho. O reino, após a morte do pai de Fiona, fique bem entregue a Arthur, com qual Shrek estabeleceu uma relação onde ambos retiraram aprendizagens um com o outro. Posteriormente, após tanto tempo longe de sua casa, acaba por conseguir voltar para o seu amado pântano, juntamente com Fiona, e acabam por ter três filhos. Um final que Shrek sempre ambicionava, e que permitia finalizar uma trilogia revestida de uma qualidade muito sólida.




Três depois, foi lançado Shrek Para Sempre. Para mim foi um exagero, porque acho que não havia mais nada a acrescentar aos filmes anteriores. Tanto que fiquei muito confuso quando soube que iria sair para os cinemas um quarto filme, pois não sabia que tipo de argumento iriam aprofundar. Fazendo uma retrospetiva, fazia sentido um terceiro filme, uma vez que no final do segundo, Shrek e os seus amigos continuavam no reino, logo seria crucial finalizar as suas aventuras onde tudo começou, no pântano. E como seria de esperar, de maneira a criarem uma história nova, era crucial dar uma volta de 180 graus. E assim foi. Shrek acusa cansaço derivado da rotina, e decide assinar um acordo com Rumpelstiltskin. Shrek é enganado, e tudo o que conhece é colocado em risco. O protagonista é colocado numa realidade diferente durante um dia. Todas as personagens que conhecemos comportam-se de maneira totalmente diferente, com a exceção de Shrek, que deve batalhar para tudo voltar ao normal. Todas as mudanças retiraram toda a identidade dos filmes anteriores. Daí que, para mim, não era necessário criar outro filme, já que ficou notório que os lucros monetários eram a principal razão para se produzir um quarto filme. Todavia, as mensagens deste filme salvam todas as metamorfoses que foram necessárias para se criar um argumento novo. Neste, a premissa de depositar valor a algo quando a perdemos, é facilmente espelhada para quem vê. Acrescento também que as últimas falas de Shrek: “o melhor do meu dia foi apaixonar-me por ti outra vez” e “sempre pensei que te tinha salvo, mas foste tu que me salvaste”, permitiram finalizar este conjunto de filmes com categoria.


Em suma, uma saga de filmes na qual o primeiro ficará eternamente relembrado como uma das melhores animações de sempre. O segundo e o terceiro, acrescentam comédia, ação, e muito entretenimento. O último, apesar de ser desnecessário, conseguiu com alguma surpresa, arquitetar um final que permite colmatar este conjunto de filmes com excelência, utilizando uma das armas mais fortes do original, as mensagens morais complexas que preenchem o coração de quem vê.




Diogo Ribeiro


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