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The Crow: Escuridão, Fantasia e Morte



“Quando uma pessoa morre, um corvo carrega a sua alma para o reino dos mortos. Quando essa morte envolveu muita dor e injustiça, a alma pode ficar presa no mundo dos vivos e, em alguns casos, o corvo pode trazer a pessoa de volta à vida para corrigir o que está errado.”


Escuro, angustiante, fantasioso e de certa forma clichê. Estas foram as minhas primeiras impressões do filme “O corvo” (The Crow), dirigido em 1994 por Alex Proyas e protagonizado por Brandon Lee, filho do ícone das artes marciais Bruce Lee.

A longa é baseada numa história de banda desenhada do mesmo nome, criada por James O’Barr, que também assina o argumento do filme. James escreveu a história extravasando a sua tristeza pela morte de uma namorada num acidente de carro. Ele nunca conseguiu superar o acontecimento – assim como a personagem principal - e a obra serviu como terapia.


Inicialmente, o filme apresenta “a noite antes do Halloween” (ou originalmente Devil’s Night) na cidade de Detroit, que é caracterizada por inúmeros atos de crime e vandalismo feitos na cidade por criminosos deveras clichês. Numa dessas noites, acontece o brutal assassinato de Shelly Webster (Sofia Shinas) e Eric Drave (Brandon Lee), um dia antes do matrimônio. Antes de morrer, Eric assistiu agonizantemente à morte de sua amada. Um ano depois, uma antiga e esquecida lenda, que serve apenas para justificar a história, cumpre-se: “...quando esta morte envolveu muita dor e injustiça, a alma pode ficar presa no mundo dos vivos e, em alguns casos, o corvo pode trazer a pessoa de volta à vida para corrigir o que está errado”. Eric Draven volta à vida como um ser “quase imortal” para vingar o seu assassinato e, principalmente, o da sua noiva. Mas a sua imortalidade depende da vida de um corvo, que o acompanha por toda a jornada. Gradualmente, passo a passo, a vingança bate à porta, e nada é mais importante do que a concluir.


A proposta do filme pode parecer bastante clichê, mas as personagens e o ambiente conquistam para quem vê esta obra. Eric, apesar de assassinar pessoas por vingança, conquista através do carisma. A sua causa é bastante palpável, não é nada que não tenha passado pela cabeça de uma pessoa que sofre uma perda tão grande e tão injusta. Isto abre espaço para o público se identificar com a personagem.


Os cenários são predominantemente escuros e sujos, assemelhando-se bastante às obras do diretor Tim Burton e do próprio clima dos quadrinhos. Falando em questão da narrativa, é um filme muito bem amarrado, porém simples. “A jornada de um homem de volta à vida com um só objetivo: Vingar-se dos seus assassinos”. A personagem principal é marcada pelas falas geniais. Também gostei muito das personagens Sarah (Rochelle Davis) e Sargento Albrecht (Ernie Hudson), que fazem um papel secundário, porém importante para o desenvolvimento da trama. No fim, nada seria possível sem o auxílio destas duas pessoas que souberem envergar os papéis de forma fiel à história.


Mas a obra foi marcada por um acontecimento trágico: A morte de Brandon Lee durante as filmagens. O assistente do armeiro limpou a arma que seria realizada na cena, porém derrubou sem querer uma bala no cano, e em seguida carregou a arma verdadeiramente. Durante a cena da violação de Shelly, Eric deveria entrar a carregar um saco de sangue. Funboy (Michael Massee) dispararia em Eric através do saco de sangue quando ele entrasse na sala. A bala que havia caído na arma acabou por atingir o ator na zona da coluna. Brandon faleceu por hemorragia interna após 10 horas de tentativas para salvá-lo no hospital.


Suponho que se perguntarmos sobre o filme a alguém que viveu na época da sua estreia, com certeza saberá deste facto. Foi um grande artifício de marketing para vender o filme. Outro facto intrigante é que Brandon se casaria em menos de um mês do acontecimento, e no filme Eric e a sua noiva são assassinados na véspera do casamento. Essas histórias chamaram a atenção do grande público para o filme, o que incrementou a bilheteria. O filme em si foi a porta de entrada de muitas pessoas para conhecerem as comics.


Por fim, assisti ao filme sem expectativa nenhuma e gostei muito. Recomendo para quem ainda não viu, mas peço que não elevem demais a expectativa. Não existe nada de muito surpreendente, inovador, porém cumpre seus objetivos excelentemente sendo honesta e fiel à proposta original da banda desenhada.


Diogo Ribeiro

1 Comment


Rogério Júlio
Rogério Júlio
Sep 09, 2023

Todo o clima e a trilha sonora também ajudam muito.Sou fã.

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