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Vivarium: desencanto peculiar



Vivarium, protagonizado por Imogen Poots e Jesse Eisenberg, oferece uma experiência no mínimo estranha ao espectador. Partindo desta declaração, vou analisar os aspetos essenciais do filme, revelando acontecimentos da história, pois de outra maneira, não é possível avaliar o filme.


Inicialmente, somos apresentados a um casal jovem, que procura uma moradia. Nesse sentido, dirigem-se a uma imobiliária, que oferece moradias num bairro residencial. Os protagonistas são atendidos por um sujeito muito peculiar, que os conduzem à urbanização, onde todas as casas são iguais. Enquanto Gemma e Tom conhecem a casa, o vendedor desaparece, e ambos ficam presos naquele local, que se torna num labirinto sem fim e sem saída. Todas as tentativas que executam para fugir, apenas os conduzem à moradia inicial. O desânimo reina enquanto o tempo passa. São alimentados através de “presentes” que chegam diariamente. Até que um dia recebem um pacote onde se encontra um bebé, e com uma mensagem que os informa que se cuidarem dele podem ser libertados. A criança, que tem um crescimento demasiado rápido, isto porque no decorrer de 90 dias atinge uma idade à volta de 10 anos, possui comportamentos estranhos, berra de forma estridente quando tem alguma necessidade, e imita perfeitamente o casal de quando em vez. O isolamento castiga o casal, a monotonia desgasta o seu espírito, e a solução de Tom é cavar um buraco de maneira a encontrar uma saída, ou de apenas ocupar o tempo. A criança atinge a idade adulta, e pouco tempo depois Tom morre, numa cena que é de longe a melhor do filme. Gemma num momento pede ao jovem que imita uma pessoa que conheceu num passeio que fez, e pela demonstração mímica realizada, Gemma entende que o rapaz lidou com um ser que não é humano. No final, ela tem o destino do companheiro, mas antes disso percebe que outros sujeitos, semelhantes à criança que lhes foi destinada, estão a levar à loucura outros casais, cujos destinos são sempre fatais. Na última cena, o jovem, que foi a principal figura misteriosa nas suas vidas, dirige-se à imobiliária, e presencia a morte do antigo vendedor, e ocupa o seu lugar, recebendo outro casal que pretende comprar uma casa.


Um aspeto forte do filme é o minimalismo sempre presente. Utiliza uma palete de cores limitada, com tons repetidos, com o propósito de enaltecer formas repetidas, e que tudo é uma cópia de uma cópia. Inclusivamente, a atriz garante uma performance muito boa, exibindo emoções de forma rápida e genuína. Acrescento ainda que o filme prende quem o vê ao ecrã, pois reside sempre a sede de respostas sobre tudo o que se está passar.


O problema é que quando se atinge o ponto da desilusão, porque torna-se mais um filme em que uma invasão alienígena está presente. Claro que Vivarium oferece uma perspetiva diferente, a invasão é subentendida e totalmente escondida do resto da população, com uma ligação de parasitismo com a raça humana, muito importante, pois estes invasores possuem uma esperança média de vida muito curta.


Finalmente, a curta duração e o mistério envolvente tornam a experiência visual rápida e eficaz, segurada pela Imogen Poots, que salva o filme, ofuscando o tímido exagero do fio condutor das ideias que sobressaem na narrativa. De forma geral, ainda é possível cultivar o exercício intelectual do visualizador, isto para quem desejar mergulhar no paralelismo das dificuldades do casal face a situações reais, mas com um certo desapontamento que retira algum encanto ao filme.


Diogo Ribeiro

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