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20 filmes dos anos 20 (1920-1929)



Para os fãs do cinema mudo, ou para quem quiser experimentar, não há nada melhor que olhar para a altura em que este teve o seu expoente máximo antes do nascimento e eventual domínio do cinema sonoro. Aqui estão 20 sugestões exibidas pela minha ordem pessoal de preferência. Quando disponíveis gratuitamente, serão incluídos links para que os possam ver (legendas maioritariamente em inglês):


20. O Marinheiro de Água Doce (1928)



Em inglês, Steamboat Bill, Jr., conta a cómica história de um marinheiro (cujo navio viu melhores dias) que se reúne com o seu filho, um estudante universitário. Nunca mais tinha visto o seu filho desde que ele era um bebé, por isso, maior não podia ser a sua surpresa quando vê que o seu filho, que imaginava ser grande e corpulento à sua imagem, era baixo e franzino, à imagem de Buster Keaton. Uma divertida comédia com efeitos especiais impressionantes numa altura em que tudo tinha que ser feito à mão e com as habituais façanhas hercúleas de Keaton.


19. O Vento (1928)



Victor Sjöström que interpreta o nostálgico Dr. Isak Borg em “Morangos Silvestres” de Ingmar Bergman, foi um dos pioneiros do cinema mudo europeu, realizando filmes também nos Estados Unidos da América. Lá, juntou-se a uma das grandes estrelas mundiais da altura, Lillian Gish, para fazer “O Vento”, um conto sobre uma mulher empobrecida que vai viver com a sua prima num desolado rancho, onde o vento provoca um estranho efeito na sua psique.

Pode ser visto em: https://vimeo.com/235370424 18. Nosferatu, o Vampiro (1922)



De Friedrich Wilhem Murnau, vem um dos primeiros grandes filmes de horror. Uma adaptação não oficial baseada em Drácula de Bram Stoker, em que o Conde Drácula passou a chamar-se Conde Orlok e foram mudadas variadas partes do conto original de forma a evitar problemas legais. Nada disso evitou que os herdeiros de Stoker exigissem que as cópias existentes do filme fossem destruídas. Felizmente, algumas delas sobreviveram, e assim chegou aos nossos dias o filme que mais influenciou o género de horror.

Pode ser visto em: https://www.youtube.com/watch?v=dCT1YUtNOA8 17. O Doutor Mabuse (1922)



O primeiro de uma série de filmes baseados na personagem titular, “O Doutor Mabuse” de Fritz Lang (um grande mestre do cinema), é um dos primeiros grandes filmes de crime com super-vilões e heróis que dão tudo o que têm para os apanhar. Dr. Mabuse é um génio do crime e do disfarce, mestre da psicologia humana e com recurso à hipnose e controlo de mentes. Ele controla o submundo do crime de Berlim e torna-se o objetivo do detetive Wenk pará-lo.

Pode ser visto em:

16. Os Espiões (1928)



Mais um filme de crime de Fritz Lang, desta vez no mundo da espionagem. Para os fãs de James Bond, poderá ser a escolha ideal no cinema mudo. Desta vez, o mundo não é tão simples e não se resume a uma perseguição de pistas em busca do inalcançável vilão. Trata-se de uma trama complexa em que os interesses pessoais de um romance internacional podem ter consequências fatais. Repleto de cenas de ação impressionantes e que deixarão a audiência a pensar na forma como terão feito as coisas e o quão perigoso seria experimentar.

Pode ser visto em (legendas em espanhol): https://www.youtube.com/watch?v=a7wofbg27qA


15. A Boceta de Pandora (1929)


Como trocadilho para a mítica Caixa de Pandora, ou com um outro significado, a americana Louise Brooks personificou o ideal da sedução e o epíteto do erotismo feminino neste filme do alemão Georg Wilhelm Pabst. Inicialmente destruído pela crítica e constantemente mostrado em versões com cortes que eliminavam certas cenas e até partes do enredo, acabou por ganhar mais valor com o tempo, sendo apelidado como uma das grandes obras do cinema alemão. Tocou em pontos sensíveis para a época e exibe a desinibição de uma mulher que usava a sua energia sexual para conseguir o que queria.


14. O Homem da Câmara de Filmar (1929)



Para os que gostam de coisas mais experimentais, “O Homem da Câmara de Filmar” foi a maneira de Dziga Vertog mostrar que era possível fazer um grande filme que não tivesse história ou sequer atores. Com uma vasta gama de técnicas completamente inovadoras como por exemplo, cortes dramáticos, sobreposição de imagens e câmara lenta, Vertog juntou a vida urbana de várias cidades soviéticas, de madrugada até ao anoitecer e deu uma maneira nova de fazer cinema.


13. Um Cão Andaluz (1929)



Muitos ficarão surpreendidos em saber que Salvador Dalí não se dedicou somente à pintura e que se juntou ao seu conterrâneo Luís Buñuel para criar o primeiro filme surrealista. Através da lógica de sonhos, encontramos um filme sem qualquer enredo convencional, cujas sequências parecem não fazer sentido algum com avanços temporais bizarros. É como entrar num quadro de Dalí e perceber que estamos tangencialmente ligados à realidade.

Pode ser visto em (legendas em francês): https://www.youtube.com/watch?v=vNJwPrAxkB4


12. Sherlock Holmes Jr. (1924)



Neste clássico, Buster Keaton interpreta um projecionista numa sala de cinema que atua simultaneamente como empregado na mesma sala que se encontra apaixonado por uma bela rapariga, tendo um rival com o mesmo objetivo. Ele não tem os recursos monetários do rival e as suas prendas não se equiparam às que o outro pode dar. Quando o pai da rapariga repara que o seu relógio foi roubado, o nosso herói, que está a estudar para ser detetive, oferece-se para resolver o mistério. Um clássico da comédia e uma carta de amor ao cinema, uma arte nos seus primórdios.


11. Pamplinas Maquinista (1926)



O mais celebrado filme de Buster Keaton e que exibe das mais perigosas acrobacias que ele experimentou em câmara, inspira-se na real operação militar “A Grande Perseguição da Locomotiva” que decorreu durante a Guerra Civil Americana. Quando a sua locomotiva é roubada, Johnnie Gray (Buster Keaton) decide persegui-la sozinho contra todas as possibilidades de retorno e avançando sobre as linhas inimigas. Especial menção para o recorde da cena mais cara do cinema mudo que inclui o clímax do filme, na altura no valor de 42.000 dólares.


10. Metropolis (1927)



A última inclusão de Fritz Lang nesta lista e a grande obra-prima da Ficção-científica do cinema mudo. Usando um cenário expressionista, típico do cinema alemão da época, é-nos apresentado um mundo futurístico (curiosamente, muito próximo de nós, no ano 2030) e industrial em que existe um fosso gigantesco entre a elite rica e a empobrecida classe trabalhadora. Infelizmente, o filho do grande génio da cidade de Metropolis apaixona-se por uma mulher da classe mais baixa que é uma profetisa da vinda de um herói que acabará por findar com as diferenças entre todos aqueles separados pela riqueza. Um presságio das grandes obras literárias sobre futuros distópicos escritas no século XX.


9. A Quimera do Ouro (1925)



Finalmente, falemos de Charlie Chaplin. Para muitos é o sinónimo do cinema mudo. Quando pensamos nessa altura do cinema, vem sem dúvida à cabeça, Charlot com a sua pantomima divertida. Inspirando-se na Corrida do Ouro de Klondike, Chaplin interpreta um garimpeiro com desejos de riqueza que acaba por se encontrar com outro garimpeiro e um criminoso na única cabana que é a única proteção destes homens contra a terrível tempestade gelada que está para além da porta. O resultado não poderia ser mais divertido.


8. O Último dos Homens (1924)



Do homem que nos trouxe Nosferatu, o Vampiro, vem a trágica história sobre o drama da perda de estatuto e a vergonha que vem quando a súbita compreensão da perspetiva que os outros têm sobre a nossa pessoa choca com a que nós imaginávamos ser. Quando o porteiro de um famoso hotel é despedido, encontra-se forçado a confrontar os amigos e a família com a notícia de que perdeu aquilo que mais prestígio lhe trazia. Um dos filmes mudos que menos se apoia nos intertítulos e mais procurou explorar a expressão dos atores para contar a história, com a prestação de Emil Jannings, primeiro homem a ser presenciado com o Óscar de Melhor Ator. A análise a este filme, encontra-se na underscope no link: https://underscop3.wixsite.com/meusite/post/o-%C3%BAltimo-dos-homens-como-ver-filmes-mudos


7. Aves de Rapina (1924)



Em inglês o título é “Greed” de cobiça, e será curioso em saber que para este filme, estavam disponíveis 85 horas de filme que acabariam por ser trabalhadas para um total de 8 horas. No entanto, e contra a vontade do realizador, Erich von Stroheim, a versão original foi cortada duas horas e meia. A versão original foi somente vista por doze pessoas e foi inclusive apelidada de “o melhor filme da História”. Infelizmente, para nós, esse grande filme não está disponível pois muita da película original (como é de costume para a época) perdeu-se. No entanto, a Turner Entertainement conseguiu criar uma versão de 4 horas que compila as cenas disponíveis e fotografias de algumas cenas perdidas. Nada tão extraordinário quanto o mítico Santo Graal do cinema que ainda hoje faz urgir buscas pelas cenas perdidas. No entanto, as versões atualmente disponíveis, não são menos espetaculares, e encontramos em “Aves de Rapina” uma tragédia grega onde um humilde homem que agraciado subitamente pela fortuna e riqueza, começa a descer numa espiral despoletada pela avareza.

Pode ser visto em (versão de 2h e 10min): https://www.youtube.com/watch?v=dVwAdRXysjI


6. Aurora (1927)



Mais uma inclusão de F. W. Murnau, desta vez no seu período americano. Aurora foi um dos vencedores do Óscar de Melhor Filme na primeira edição (que na altura se dividia em dois prémios, o Óscar de Melhor Filme, Produção, e Melhor Filme, Produção Artística e Única) e também detentor do prémio de Melhor Cinematografia e Melhor Atriz. Uma alegoria sobre o bem e o mal, um homem do campo, sente-se dividido entre a sua mulher e uma nova musa vinda da cidade que entra subitamente na sua vida.


5. O Garoto de Charlot (1921)



Um dos mais emocionantes filmes de Charlie Chaplin, em que interpreta a sua famosíssima personagem, The Tramp (Charlot em Portugal). Uma mãe vê-se obrigada a abandonar o seu bebé com a esperança de que este possa ter uma vida melhor que a que ela lhe pode oferecer. Quis o destino que este bebé encontrasse Charlot e daí nasce uma das mais belas experiências cinemáticas que, com o estilo clássico de Chaplin, nos faz rir constantemente, sem esquecer de nos puxar a lágrima também.


4. O Gabinete do Doutor Caligari (1920)



Imensas vezes apelidado do trabalho essencial do Expressionismo alemão, “O Gabinete do Doutor Caligari” é um filme de horror, que para mim mais se aproxima do thriller psicológico, no qual um malvado e louco hipnotizador usa um sonâmbulo para cometer por ele os mais macabros homicídios. Um filme certamente inesquecível, e que deve isso muito aos seus cenários negros e distorcidos que fazem lembrar uma impressão do nosso mundo se este fosse munido de loucura em todos os cantos. Se calhar, mais impressionante pela manipulação do nosso subconsciente.


3. Napoleão (1927)



O grande épico de Guerra do cinema francês e mundial, na altura em que o cinema mudo dominava a cena. Abel Gance recontou a vida da famosa figura histórica da forma mais espetacular possível desde a sua infância até ao seu apogeu militar. Usando algumas das mais inovadoras técnicas de cinema que ainda hoje impressionam os jovens realizadores, Abel Gance conseguiu criar uma obra essencial no catálogo de Guerra. Ainda mais espetacular foi o inovador tríptico conseguido tal quadro renascentista. Usando uma invenção chamada Polivisão em que três câmaras, lado a lado, projetavam de forma coordenada três películas de filme para conseguir uma imagem ao nível que este Épico mereceu.

Infelizmente, não se encontra disponível gratuitamente na internet.


2. A Paixão de Joana d’Arc (1928)



Roger Ebert, o famoso crítico de cinema, disse que não se pode conhecer a história do cinema mudo a não ser que se conheça a cara de Renee Maria Falconetti. A Paixão de Joana d’Arc é uma das obras essenciais, não só do cinema mudo, mas do cinema em geral. O realizador dinamarquês Carl Theodor Dreyer foi convidado a realizar, em França, um filme sobre a famosa figura de Joana d’Arc. Foi usado o transcrito original do seu julgamento e todo o filme passa-se em poucas localizações, munindo-se apenas do diálogo e expressões faciais dos atores. Parece a receita para um filme desastroso e de pouco interesse, mas na verdade existe algo na forma como a cara da nossa protagonista foi filmada que se torna impossível não sentir um enorme misto de emoções à medida que vemos a evolução do julgamento.

Pode ser visto em: https://vimeo.com/169369684


1. O Couraçado Potemkine (1925)



Da mente de um dos mais criativos mestres do cinema, Sergei Eisenstein conseguiu explorar as suas teorias da montagem de forma a criar o famoso “O Couraçado Potemkine”. A sequência dos passos de Odessa, em que soldados marcham pelas escadas, provocando um terrível massacre de civis é tão famosa que mesmo não conhecendo a original, certamente irá reconhecê-las de várias paródias. Um filme que valoriza o coletivo face ao individual (como seria de esperar da União Soviética), tem como protagonista a tripulação do navio Potemkine que se rebela contra os seus superiores que os oprimia com condições indignas para a vida humana.

Espero que no meio destes 20 filmes, o leitor consiga encontrar algo que melhor se adeque aos seus gostos e consiga com eles expandir o seu conhecimento cinematográfico.


Manuel Fernandes





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